Todo o ‘staff’ de um canal de televisão russo despediu-se ao vivo “no ar” depois de declarar “não à guerra”.

A decisão foi tomada pelo pessoal da TV Rain (Dozhd) após as autoridades russas terem suspendido as suas operações durante a sua cobertura da guerra na Ucrânia.

Natalia Sindeyeva, uma das fundadoras do canal, disse “Não à guerra” no seu último programa de televisão enquanto os empregados encenavam uma saída do estúdio. O canal disse mais tarde que suspendeu a operação “indefinidamente”.

Independent Russian TV Rain was suspended by Putin govt when they referred to Ukraine as a "war".

Staff walked out during a YouTube stream with the final words "No War" & clip of Swan Lake (which Soviet state channels famously played on loop during pivotal political moments). pic.twitter.com/T53jo21m8i

— Megha Mohan (@meghamohan) March 4, 2022

O vídeo da demissão em massa foi partilhado pelo escritor Daniel Abrahams no LinkedIn.

Após a dramática saída do pessoal, o canal reproduziu o vídeo do ballet “Lago dos Cisnes”, que foi exibido em canais de televisão estatais na Rússia quando a União Soviética entrou em colapso em 1991. O vídeo tornou-se agora viral nas redes sociais.

A estação de rádio Ekho Moskvy (Echo de Moscovo), um dos últimos meios de comunicação social liberais remanescentes da Rússia, foi também dissolvida pela sua direcção após ter sido pressionada pela sua cobertura da guerra na Ucrânia, disse o seu editor na quinta-feira.

A estação, um dos principais canais de notícias e actualidades na Rússia, tinha sido retirada do ar na terça-feira, embora parecesse ainda estar a transmitir no YouTube após a decisão da direcção ter sido anunciada.

A estação de rádio apresentou entrevistas com jornalistas ucranianos que descreveram os horrores da invasão da Rússia, uma decisão que, segundo o New York Times, poderia ter ultrapassado os limites.

No entanto, o editor-chefe Alexei Venediktov disse esta semana à agência noticiosa Reuters que a estação não abandonaria a linha editorial independente que tem sido a sua marca registada durante três décadas, declarando: “As nossas políticas editoriais não vão mudar”.

Os Estados Unidos acusaram a Rússia na quarta-feira de lançar uma “guerra total à liberdade dos media e à verdade”, bloqueando os noticiários independentes e impedindo os russos de ouvirem notícias sobre a invasão da Ucrânia.