A fabricante de dispositivos médicos descartáveis Raclac está a preparar uma nova fase de investimento em Famalicão, que poderá ascender a 50 milhões de euros, com a criação de duas novas linhas de produção, anunciou hoje o município.

Em comunicado, a autarquia do distrito de Braga acrescenta que o objetivo é reforçar a vocação exportadora da empresa, através da expansão da capacidade produtiva instalada.

Em 2018, com a nova unidade sediada na freguesia de Cruz, em Vila Nova de Famalicão, que custou 30 milhões de euros, a Raclac, sublinha o comunicado, “tornou-se na primeira fábrica da Europa de luvas de exame em nitrilo sem pó, de uso único, capaz de produzir 830 milhões de luvas por ano”.

Citado no comunicado, o fundador e CEO da Raclac, Pedro Miguel Costa, explicou que em causa está um processo produtivo “inovador e único no mundo”, baseado numa tecnologia desenvolvida pela própria empresa ao longo de cerca de três anos e que “revolucionou por completo a indústria de produção de luvas de exame a nível mundial”.

Desde logo, acrescentou, porque “é 100% automatizado, sem intervenção humana desde a entrada da matéria-prima até ao embalamento do produto acabado”.

Disse ainda que todo o processo produtivo é feito em ambiente controlado e que a embalagem em que as luvas são acondicionadas é impermeável e estanque, “o que contribui para a eliminação do risco associado a contaminação cruzada”.

Pedro Miguel Costa afirmou que a automatização da produção e o “elevado” nível técnico de todo o processo assentam em políticas de sustentabilidade ambiental.

“Temos uma estação de pré-tratamento de águas residuais que possibilita o reaproveitamento de, pelo menos, 60 por cento da água tratada para reutilização no processo produtivo, bem como a reutilização de águas pluviais”, observou.

Em 2020, houve um crescimento tanto em volume de negócios como em número de colaboradores, com a faturação a ultrapassar os 50 milhões de euros, o que representa um valor cerca de quatro vezes superior ao do ano anterior.

O efetivo de profissionais ascende a 90.

“A estes resultados não é alheio o facto de a empresa ter fornecido o país com luvas descartáveis, imprescindíveis no combate contra a covid-19” acrescenta o comunicado.

A Raclac tem os seus produtos presentes em vários mercados internacionais, nomeadamente na Europa, estando focada na expansão para a América do Norte e o Japão.

“Vamos dar passos importantes para concretizar a visão estratégica que temos e a ambição de transformar a Raclac numa empresa global”, rematou Pedro Miguel Costa.

Este novo projeto de investimento foi dado a conhecer na quinta-feira ao presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, e ao vereador da Economia, Empreendedorismo e Inovação, Augusto Lima, durante uma visita à empresa.

Para Paulo Cunha, o projeto de investimento da Raclac contribuirá para o robustecimento da indústria 4.0, “corporizando da melhor forma esta quarta revolução industrial”.

O autarca adiantou será também “mais uma oportunidade” para cativar e reter talento no concelho.