A nova rede de autocarros Mobiave arranca em Famalicão, na Trofa e em Santo Tirso a partir de 01 de abril, anunciou hoje a empresa Transdev, que operará 90 linhas e 110 autocarros em cerca de 2.700 paragens.

“A nova operação traz um reforço de oferta relativamente à anterior e vai ter 90 linhas, servidas por cerca de 110 autocarros conduzidos por 180 motoristas e aproximadamente 2.700 paragens”, divulgou hoje a Transdev num comunicado enviado à Lusa.

No âmbito da concessão do serviço à Transdev por sete anos e 76,3 milhões de euros, atribuída pela Associação de Municípios de Fins Específicos criada pelos municípios de Trofa, Santo Tirso (ambos distrito do Porto e Área Metropolitana do Porto) e Vila Nova de Famalicão (distrito de Braga e Comunidade Intermunicipal do Ave), estarão disponíveis quer passes municipais (30 euros) como passes gerais (40 euros), que permitem andar nos três municípios.

Porém, também haverá a “integração do sistema Andante na extensão das linhas partilhadas entre Trofa e Famalicão e entre Santo Tirso e Famalicão”.

Está também prevista a consulta da localização dos autocarros em tempo real, através de “um website e uma aplicação móvel onde todos podem aceder a mapas interativos, aos percursos das linhas, à localização das paragens e à localização dos autocarros em tempo real, facilitando a consulta de horários e percursos disponíveis”.

“Para a emissão dos novos títulos é necessário apresentar o passe atual e o Cartão de Cidadão ou documento equivalente. A distribuição dos novos títulos começou a 24 de fevereiro e decorrerá até dia 6 de março na Estação Rodoviária de Famalicão”, revela a Transdev.

Já o carregamento dos novos títulos “tem início a partir de 22 de março, permitindo que os passageiros beneficiem de todas as vantagens da nova rede a partir de 01 de abril”.

Serão ainda realizadas sessões de esclarecimento em várias Juntas de Freguesia, pedindo a Transdev que a população siga a atualização das informações na página da Mobiave na rede social Facebook.

O arranque da Mobiave implica que tanto na Área Metropolitana do Porto como na CIM do Ave existam duas redes de transportes: a Unir e a Ave Mobilidade, respetivamente, que também atuam na Trofa, Santo Tirso e Famalicão, embora com abrangências geográficas diferentes.

Na última reunião do Conselho Metropolitano do Porto (CmP), o presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues, manifestou-se preocupado com a proliferação de autoridades de transporte no seu território, como a Mobiave, defendendo uma unificação do setor na Transportes Metropolitanos do Porto (TMP), que gere a rede Unir.

“A minha perspetiva desde o arranque de todo este processo foi uniformizar a bilhética e uniformizar a rede, porque só assim é que a rede tem coerência. O meu problema não é a Mobiave ou que haja mais 20 Mobiaves. O meu problema é que, para haver uma gestão integrada, tem que haver alguém que tutele todo o território”, defendeu.

Eduardo Vítor Rodrigues questionou a pertinência da existência de mais uma entidade de transportes de caráter intermunicipal, numa altura em que já existe a rede Unir, agora sob tutela da nova empresa Transportes Metropolitanos do Porto (TMP).

“Este é o momento para perceber se faz sentido continuar no modelo atual, o que também é uma coisa que também pode ser discutível e aceitável, ou se faz sentido pura e simplesmente integrar na Unir”, aventou.

Eduardo Vítor Rodrigues deu como exemplo que há ligações a outras comunidades intermunicipais que não a AMP, como a do Tâmega e Sousa ou a Região de Aveiro, que não necessitam de uma entidade própria para ter uma rede de transportes a interligar os territórios.

Para o presidente da AMP, “neste momento a área dos transportes precisa de reforço, de uma voz forte, única (…), e agregadora e integradora”.

A constituição da Associação de Municípios da Mobiave remonta a 2019, sensivelmente ao mesmo tempo do concurso público para a rede Unir.