Siga-nos nas redes

País

Movimento que visa classificar violação como crime público já reúne mais de 125 mil assinaturas

Publicado

em

Perto de 125 mil pessoas subscreveram até hoje a petição “contra a violência sobre as mulheres”, que pede à Assembleia da Republica (AR) medidas legislativas para transformar a violação num crime público e autonomizar o crime de femicídio.

Os subscritores pedem ainda legislação “no sentido de ser punível, com penas mais gravosas, o crime de violência doméstica”.

Entre os primeiros subscritores do documento está o grupo Por um país mais justo, criado em 2019 e composto pela ativista dos direitos das mulheres e crianças Francisca de Magalhães Barros, Manuela Ramalho Eanes, Dulce Rocha, até dezembro de 2024 presidente do Instituto de Apoio à Criança, Rui Pereira, antigo ministro da Administração Interna, o advogado António Garcia Pereira, a advogada Isabel Aguiar Branco e a juíza Clara Sottomayor.

Pelas 16:40 de hoje, a petição tinha 124.948 assinaturas.

A petição “surgiu pelo número elevadíssimo de homicídios logo no início do ano, violações e descontrolo total da violência contra as mulheres e crianças”, descreveu à Lusa Francisca de Magalhães Barros.

“Criei esta petição para que haja a autonomização do crime de feminicídio, para que a violação seja crime público e para existirem penas mais severas no crime de violência doméstica, para que se acabe com as penas suspensas, entre outras medidas”, indicou a ativista.

No documento, explica-se o objetivo de sensibilizar a AR para a “urgência” de legislar “mais uma vez, sobre medidas mais eficazes de prevenir e de reprimir crimes de violência contra as mulheres, com alterações ao Código Penal no que respeita à violência sexual e bem assim no que concerne à violência doméstica, sobretudo nos casos em que se verifica homicídio nesse contexto”.

“A Convenção de Istambul, a que o Estado português está vinculado, impõe a perseguição do crime independentemente da vítima e o grau de cumprimento oferecido pelo Código Penal português é insatisfatório”, lê-se no texto da petição.

Segundo os autores, o Ministério Público “pode” dar início ao processo, mas este mantém a natureza semipública, e a vítima pode desistir até ao fim da audiência de julgamento, “o que a expõe a todas as coações imagináveis por parte do violador”.

Os primeiros subscritores alertam que “os dados atualmente conhecidos revelam que a exigência da queixa da vítima implica a impunidade de muitos crimes de violação”.

“Tal como sucede na violência doméstica, acertadamente transformada em crime público, também neste caso as vítimas receiam a retaliação do agressor e a própria estigmatização social”, descrevem.

Por isso, defendem, “o crime de violação deveria passar a ser público”, nomeadamente devido ao “risco de o agressor escapar impune na maioria dos casos e prosseguir a sua carreira criminosa”.

Os autores consideram que “não deve recear-se que esta transformação do crime possa conduzir a condenações injustas” porque o Ministério Público, na fase de inquérito, e os tribunais, nas fases subsequentes, “terão de investigar se o crime de violação foi mesmo cometido, tendo em conta as regras gerais de imputação penal e as garantias concedidas à defesa”.

Olhando para a “persistência e aumento do número de crimes de violência doméstica”, a petição sustenta ser “urgente que a lei penal, correspondendo à maior gravidade e censurabilidade social das condutas criminosas, puna com mais severidade o crime, por forma a tornar menos frequente o recurso à suspensão da execução da pena, que muitas vezes expõe as vítimas à reincidência e ao próprio homicídio, dado o elevado grau de perigosidade da violência doméstica”.

“Por fim, e em cumprimento estrito da Convenção de Istambul, revela-se aconselhável que se autonomize o crime de feminicídio, tendo em conta os seus contornos específicos, o contexto que favorece a sua prática, os plúrimos bens jurídicos e valores violados para além da própria vida e as consequências danosas para os filhos, sobretudo se forem menores”, acrescentam.

PARTILHE ESTE ARTIGO:
Publicidade Publicidade

pub

LER JORNAL

Artigos Recentes

Famalicãohá 4 horas

Famalicão: Avidos inaugura novo Espaço Multiusos esta sexta-feira

A freguesia de Avidos, em Famalicão, passa a dispor, a partir desta sexta-feira, de um novo espaço multiusos, criado a...

Famalicãohá 5 horas

Alunos de Famalicão promovem literatura na “Festa de Leitura do Ave – Convence-me”

Cerca de 120 alunos distribuídos por 30 equipas de escolas dos oito municípios da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Ave vão...

Famalicãohá 6 horas

Jogadores sub-19 e sub-17 do FC Famalicão estão em Marrocos para disputar o U19 International Tournament

Futebolistas selecionados das formações sub-17 e sub-19 do FC Famalicão preparam-se para disputar a 7.ª edição do U19 International Tournament,...

Famalicãohá 7 horas

Famalicão: PJ detém grupo de 9 que se fazia burlas, falsificações e branqueamentos de dinheiro

 A Polícia Judiciária (PJ) deteve hoje nove pessoas por, alegadamente, integrarem uma organização criminosa transnacional dedicada à prática dos crimes...

Famalicãohá 8 horas

Festa da Flor de Famalicão regressa com mais uma “batalha de flores” e Carolina Deslandes entre 09 e 11 de maio

As cores da primavera voltam a florescer em Famalicão, entre os dias 09 e 11 de maio, com a realização...

Famalicãohá 8 horas

Famalicão terá o dia mais quente da semana esta quinta-feira com máximas de 26 graus

Famalicão espera, esta quinta-feira, o dia mais quente da semana, que contará ainda com céus limpos, de acordo com as...

Paíshá 9 horas

Porto: Polícia obrigada a intervir após cenário de agressões durante manifestação de imigrantes

A polícia interveio hoje durante uma manifestação de dezenas de imigrantes junto às instalações da AIMA no Porto para afastar...

Paíshá 13 horas

Norte: Duas mulheres atropeladas por veículo do INEM. Operacional ficou em estado grave

Duas mulheres ficaram feridas, na manhã desta quarta-feira, após ter sido atropeladas por uma viatura do INEM que se despistou...

Bragahá 13 horas

Braga: Acidente de trabalho deixa homem gravemente ferido em Navarra

Um homem sofreu ferimentos graves, na tarde desta terça-feira, na sequência de um acidente de trabalho, nas instalações de uma...

Paíshá 14 horas

Familiares e amigos disseram o “último adeus” a Nuno Guerreiro esta quarta-feira

O velório e a missa em memória do cantor Nuno Guerreiro, que morreu na quinta-feira, em Lisboa, decorreram esta terça...

Arquivo

Mais Vistos