Economia
Movimento “A Pão e Água” mantém greve de fome até ser ouvido pelo Governo
O movimento “A Pão e Água”, em greve de fome em frente à Assembleia da República, voltou hoje a criticar o Governo, classificando como “birra” o facto o executivo não os receber em audiência, contrariando o Governo.
O grupo, que junta empresários e trabalhadores da restauração e similares, encontra-se em greve de fome há sete dias, acampado em frente ao parlamento, em instalações improvisadas, com tendas e aquecedores e dizem manter o protesto até que o Governo os receba para encontrarem soluções para os seus negócios.
Na quarta-feira, o ‘chef’ Ljubomir Stanisic, um dos rostos do movimento, foi transportado para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, devido aos níveis de açúcar (problema que já afeta todos os elementos do grupo), mas já regressou ao acampamento.
Em declarações hoje à agência Lusa, José Gouveia, elemento do movimento e presidente da Associação Nacional de Discotecas, criticou as declarações do primeiro-ministro, António Costa.
O primeiro-ministro quando interrogado se aceita falar com os manifestantes em greve de fome, referiu que, entre o grupo que protesta, o cidadão que tem visto mais vezes falar nas televisões “é o senhor José Gouveia”, que ainda no passado dia 18 esteve numa reunião com os secretários de Estado do Turismo e do Comércio.
Na quarta-feira, o Governo disse ser “falso” que se tenha recusado a receber os manifestantes ao contrário das afirmações de alguns dos seus membros na comunicação social.
O gabinete do ministro de Estado, da Economia e Transição Digital lembrou que, em 18 de novembro, o secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor (SECSDC) e a secretária de Estado do Turismo reuniram com a Associação Nacional de Discotecas, “representada por José Gouveia e Alberto Cabral”, duas das pessoas “que se encontram em protesto em frente à Assembleia da República”.
Em declarações à Lusa, José Gouveia disse ser verdade que reuniram com os secretários de Estado, onde lhes foi dito que o Governo não tinha liquidez, e que na terça-feira recebeu um email para continuação de reunião que já tinha sido dia 18.
“Na anterior reunião foi-nos dito que não havia dinheiro, e, portanto, nesse sentido não havia forma de nos apoiarem. Para quê falar com estes secretários de Estado. Queremos ter Siza Vieira presente nem que seja para dizer fechem as empresas porque o Estado não vos vai apoiar”, disse.
José Gouveia criticou também as declarações do ministro da Economia, Siza Vieira de que não recebia ninguém que não tivesse um papel associativo.
“Siza Vieira ignorou-me, ignorou o meu papel associativo enquanto presidente da ADN ao prestar declarações de que não recebia ninguém que não tivesse papel associativo e por isso ia receber a Confederação do Turismo e Confederação do Comercio ontem e hoje”, disse.
José Gouveia sublinhou que o ministro da Economia podia recebê-lo pelo menos a ele, que é elemento associativo.
“Parece-me que há aqui uma birra do governo porque se dizem não receber ninguém que não tenha papel associativo então se existe aqui alguém com esse papel e que ele diz haver porque não recebe”, questionou.
Este elemento do movimento disse também que não é verdade que as empresas tenham sido apoiadas e que esses apoios estejam a ser feitos.
“Temos aqui representantes de várias empresas que não receberam um euro no processo todo. Não podemos considerar o ‘lay-off’ como um apoio porque foi transversal a todos os setores da economia. Algumas empresas estão a pagar um terço dos ordenados sem receitas é a entrada que contribui para a falência técnica”, sublinhou.
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