País
Costa admite que poderá não voltar a exercer “um cargo público”
António Costa assumiu esta posição em resposta aos jornalistas na residência oficial de São Bento, em Lisboa, depois de questionado sobre se a sua comunicação ao país hoje não poderá configurar uma interferência no processo movido pela justiça.
O chefe do executivo rejeitou estar a interferir em qualquer processo judicial e disse que só tem conhecimento do que tem sido divulgado pela comunicação social.
“Coisa completamente distinta do que é a apreciação judicial de atos individuais, é um conjunto de ideias que eu creio que é preciso desde já clarificar. E neste momento estou muito à vontade para clarificar, porque já me demiti de primeiro-ministro, já anunciei que não serei candidato a primeiro-ministro, e com a duração previsível deste processo judicial, com grande probabilidade não exercerei nunca mais qualquer cargo público”, afirmou o chefe do executivo.
O primeiro-ministro foi questionado sobre a presença da mulher, Fernanda Tadeu, na conferência de imprensa, que estava sentada no chão, perto dos jornalistas.
António Costa respondeu apenas: “Há gestos de carinho que não carecem de explicação, só gratidão”.
Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
O Ministério Público (MP) considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação, que contém várias outras referências a António Costa.
No dia da demissão, Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.
De acordo com o MP, no processo dos negócios do lítio, hidrogénio verde e do centro de dados em Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.
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