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Investigadores da FMUP desenvolvem projeto que “liberta” doentes ligados a ventiladores

An infected patient in quarantine lying in bed in hospital, coronavirus concept.

Um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) revelou hoje ter desenvolvido um projeto de suporte ventilatório não invasivo que permitiu adaptar um ventilador a um sistema portátil de fácil transporte.

Desta forma, segundo os investigadores, os doentes que sofrem de uma incapacidade respiratória grave podem recuperar uma vida normal, com mobilidade e autonomia, sem necessidade de ficarem “presos” a uma cadeira de rodas ou a uma cama por não terem “fôlego” para se movimentarem sem o ventilador.

Este sistema de ventilação portátil foi testado e a sua eficácia e segurança foram comprovadas num estudo publicado na revista mundial de medicina física e de reabilitação American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation.

Para chegarem a esta conclusão, os investigadores submeteram 18 pacientes a um estudo clínico, no qual tiveram de realizar um teste de caminhada de seis minutos, com e sem o auxílio do ventilador portátil.

O coordenador da investigação, Miguel Gonçalves, explica, em comunicado, que o procedimento consistiu em adaptar o ventilador portátil com bateria interna a uma mochila, ou a um carrinho, de maneira a ser transportado facilmente pelos doentes que dependem 24 horas por dia de suporte ventilatório mecânico para sobreviverem.

“Verificámos que, sem este suporte não invasivo, nenhum dos pacientes conseguiu completar o tempo de teste e alguns deles nem conseguiam iniciar a caminhada”, mas com o ventilador portátil “todos eles terminaram o percurso com sucesso e sem complicações.”

Segundo o docente da FMUP, os resultados, além de comprovarem a eficácia deste sistema na marcha, são a garantia clínica de que “os doentes com graves limitações ventilatórias não precisam de ficar condenados a viver numa cadeira de rodas para transportar o seu ventilador”.

Tiago Pinto, fisioterapeuta e também autor deste projeto, recorda que os doentes testados tinham um nível de funcionalidade muito baixo.

“Eram pessoas que até tinham força nas pernas, mas que não tinham capacidade ventilatória para caminhar. Tinham uma vida sedentária, raramente saíam de casa e alguns deles até andavam em cadeira de rodas”, constata.

Ao começarem a caminhar com o ventilador para todo o lado, os investigadores verificaram que os doentes foram ganhando mais autonomia, mais qualidade de vida e mais confiança.

A insuficiência ventilatória grave é uma condição em que se verifica uma fraqueza/paralisia dos músculos respiratórios, o que não lhes permite fazer uma adequada ventilação dos pulmões.

É o caso de doentes que dependem de uma máquina para respirar mais do que 16 horas por dia.

Além dos dois investigadores já mencionados, o estudo contou com a colaboração do pneumologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto João Carlos Winck.

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