Olga, uma mulher ucraniana de 27 anos de idade ficou gravemente ferida enquanto protegia o seu bebé de explosões de estilhaços em Kyiv e recordou o choque ao ver sangue a cobrir o seu filho após um ataque de mísseis que estilhaçou vidros por toda a sala da sua habitação.

“Fui ferida na cabeça, e o sangue começou a correr. E caiu sobre o bebé”, disse Olga, sentada numa cama no hospital infantil Okhmatdyt onde ela estava a ser tratada.

“Não conseguia compreender, pensava que era o sangue dela”.

Fotografias de Olga, que mostram a sua cabeça ferida e a parte superior do seu corpo coberta de cortes enquanto segura o seu bebé, Victoria, foram amplamente divulgadas nas redes sociais, numa imagem que encapsula o pesado preço pago pelos civis na invasão da Ucrânia pela Rússia.

Quando o pai de Victoria, Dmytro, levou a menina, Olga disse que começou a gritar que a sua filha tinha sido cortada.

“Olga, o sangue é teu, não é dela”, recorda-se Dmytro respondendo.

As autoridades ucranianas dizem que pelo menos 60 civis foram mortos em Kiev desde que a Rússia lançou aquilo a que chama uma “operação militar especial” a 24 de Fevereiro vários em ataques com mísseis a edifícios residenciais.

Olga, que não partilhava o seu nome de família, disse que tinha acordado para alimentar o bebé de seis semanas e já a tinha coberto com um cobertor para a manter quente quando o ataque de mísseis ocorreu.

“E foi isso que manteve o bebé vivo. Acabei de a cobrir a tempo. E depois o Dmytro saltou e cobriu-nos, também”.

Olga está a ser tratada para vários cortes na cabeça e no corpo, mas o bebé ficou ileso, à parte de um arranhão e alguns hematomas.

“Não nos resta mais nada a fazer senão mantermo-nos positivos, só para acreditar que foi a pior, a coisa mais horrível que poderia ter acontecido nas nossas vidas”, acrescentou Dmytro, que foi acordado pelo som de vidro estilhaçado.