Faleceu José de Sá, o emigrante natural da freguesia de Joane, que caminhou diversas vezes, a pé, desde França, até à sua freguesia natal, em Famalicão, para aumentar a consciencialização sobre a importância da doação de órgãos, depois de ter recebido um transplante de fígado, com apenas 25 anos.
José de Sá tomou esta aventura pelos Caminhos de Santiago como sua missão, depois de a sua vida ter ganho um novo folego com este transplante, e de dois dos seus irmãos terem sucumbido à doença de Wilson, a mesma de que também padecia.
Perante um cenário menos positivo apresentado pelos médicos, que detetaram a doença de Wilson num estado avançado, e sabendo que a mesma condição já havia tirado a vida à sua irmã e ao seu irmão, José ficou dependente de um transplante.
Inesperadamente, um jovem que faleceu num acidente de viação salvou a vida de José e a de mais duas pessoas com a doação do seu fígado, coração e olhos.
“Para mim o importante é a vida”
Desde então, José de Sá comprometeu-se a fazer ouvir este apelo, ora caminhando entre França, Espanha e Portugal, ora prestando o seu apoio a uma associação francesa criada para este propósito, que promoveu até ao fim da sua vida.
José de Sá faleceu aos 62 anos, após complicações do seu estado de saúde, na região francesa de Metz, perto do Luxemburgo.
As cerimónias fúnebres foram realizadas na tarde desta quarta-feira.
Em vez de flores, os familiares de José pediram que tal esforço fosse encaminhado para a associação que José apoiava, dedicada à doação de órgãos.
Em 2009, uma das suas caminhadas foi motivo de uma reportagem da RTP, que celebrava o seu espirito solidário e a sua motivação, suficiente para percorrer centenas de quilómetros a pé por uma causa nobre.
“Se todos fizermos um bocadinho, podemos construir uma coisa grande”
De acordo com o Serviço Nacional de Saúde “podem ser dadores todos os cidadãos que não se inscrevam no Registo Nacional de Não Dadores (RENNDA). No entanto, apesar da nossa vontade de sermos dadores, nem todos poderão ser, uma vez que para tal a morte deverá ocorrer num hospital, de forma a garantir que os órgãos são corretamente colhidos e que são realizadas as provas necessárias para a correta avaliação da cada potencial dador”, explicam.
Se tal situação se proporcionar, será a equipa médica que determina se o falecido pode ser dador e de que órgãos, depois de efetuadas uma série de provas necessárias.
“No caso da doação em vida, esta pode acontecer se se cumprirem as condições e requisitos definidos na legislação portuguesa. O dador tem de ser maior de idade e gozar de boa saúde física e mental”.
Tal como no caso anterior, avaliação do dador vivo terá que ser feita pelos médicos, que irão assegurar os seus direitos, liberdade de decisão, voluntariedade, gratuitidade e altruísmo.