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Covid-19: Qualidade da vacina AstraZeneca em causa após erro de fabrico

Vials in front of the AstraZeneca British biopharmaceutical company logo are seen in this creative photo taken on 18 November 2020. Pfizer and Biontech announced its conclude phase 3 study of COVID-19 vaccine candidate with 95% primary efficacy analysis, as media reported on 18 November 2020. (Photo by STR/NurPhoto via Getty Images)

Os resultados preliminares e a eficácia da vacina experimental contra a covid-19 da AstraZeneca e da a Universidade de Oxford está em causa após estas terem reconhecido hoje a existência de um erro de fabrico que está a levantar várias questões.

O comunicado, onde é reconhecido o erro, acontece dias depois da empresa e a universidade terem descrito a vacina como “altamente eficaz”, sem mencionar a razão pela qual alguns participantes nos ensaios clínicos não terem recebido a mesma quantidade de vacina na primeira das duas injeção, tal como era esperado, noticia a agência AP.

Surpreendentemente, o grupo de voluntários que recebeu uma dose menor parecia estar muito mais protegido do que os voluntários que receberam duas doses completas.

No grupo de dose baixa, disse a AstraZeneca, a vacina parece ter uma eficácia de 90%, enquanto que no grupo que recebeu duas doses completas a eficácia parece ser de 62%.

Com estes resultados combinados, os fabricantes revelaram que a vacina parece ter uma eficácia de 70%, mas a forma como estes foram obtidos levantou questões por parte de especialistas.

Os resultados parciais anunciados na segunda-feira resultam de ensaios clínicos em massa que estão em andamento no Reino Unido e no Brasil projetados para determinar a dose ideal da vacina, bem como examinar a segurança e eficácia.

Várias combinações e doses foram administradas nos voluntários e os resultados comparados com outros que receberam uma vacina contra meningite ou uma solução salina.

Antes do arranque dos ensaios, os investigadores explicaram todas as etapas a seguir e a forma de analisar os resultados. Qualquer desvio deste protocolo pode colocar em causa os resultados.

Em comunicado divulgado hoje, a Universidade de Oxford disse que alguns dos frascos usados no teste não tinham a concentração certa de vacina, o que significa que alguns voluntários receberam meia dose.

A universidade acrescentou que discutiu o problema com os reguladores e concordou em concluir o teste. O problema de fabrico foi corrigido, segundo o comunicado.

Para os especialistas, o número relativamente baixo de pessoas no grupo de dose reduzida torna difícil de perceber se a eficácia observada no grupo é real ou uma particularidade estatística.

Cerca de 2.741 pessoas receberam meia dose da vacina seguida de uma dose completa, revelou a AstraZeneca, sendo que um total de 8.895 pessoas receberam as duas doses completas.

Outro fator em causa é o facto de nenhum dos participantes do grupo de dose reduzida ter mais de 55 anos, sendo que as pessoas mais jovens tendem a apresentar uma resposta imunológica mais forte do que as pessoas mais velhas.

Como discussão está ainda a junção dos dois grupos participantes que receberam diferentes níveis de dosagem para alcançar uma eficácia média de 70%, apontou um dos membros do programa de saúde global Chatham House, David Salisbury.

Uma das cientistas de Oxford que lidera a investigação considera que a maior eficácia no grupo que tomou a dose reduzida pode estar relacionada com o fornecimento da quantidade exata da vacina para desencadear a melhor resposta imunológica.

“Nem muito pouco, nem muito. Muito pode dar uma resposta de baixa qualidade também”, apontou.

Os detalhes dos resultados dos ensaios clínicos serão publicados em jornais médicos e fornecidos aos reguladores no Reino Unido, que irão decidir a autorização para a comercialização da vacina.

Estes relatórios incluirão uma análise detalhada com informações demográficas ou informações sobre quem ficou doente em cada grupo, que permitirão apresentar um quadro mais completo sobre a eficácia da vacina.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.415.258 mortos resultantes de mais de 60 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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