Associações de defesa dos direitos das mulheres saem hoje à rua em várias cidades de Portugal em manifestações pelo fim da violência contra as mulheres, dia em que também arranca uma campanha internacional.
Hoje assinala-se o dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, estando previstas manifestações em Lisboa, Porto, Braga, Coimbra, Viseu, Viana do Castelo e Vila Real.
Também serão realizadas vigílias, encontros, debates e conferências, nomeadamente em Bragança, Funchal, Matosinhos, Lagoa e Mangualde.
Mangualde assina um protocolo com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) que presta a sua solidariedade em várias cidades de todo o país e em Leiria será inaugurado um mural dedicado ao fim da violência contra as mulheres.
Em Lisboa, no final da Marcha pelo Fim da Violência Contra as Mulheres será lido o manifesto “Mulheres, Vida, Liberdade”, subscrito por 34 organizações feministas e mais de uma centena de pessoas a título individual.
“Além da leitura do Manifesto, haverá a intervenção de uma ativista iraniana em homenagem à luta das mulheres do Irão e serão evocados os nomes das 22 mulheres assassinadas em Portugal durante o ano de 2022”, refere um comunicado divulgado pela organização.
No manifesto é lembrado que os direitos das mulheres, mas também das pessoas LGBTI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans, Intersexuais) e de minorias étnicas estão em causa em diferentes partes do mundo, seja na luta pelo direito ao corpo, no direito de acesso ao aborto ou contra a violência.
“Na luta contra a violência patriarcal nenhum direito está a salvo de retrocessos. Na marcha pela nossa vida e pela nossa liberdade reafirmamos e defendemos direitos conquistados, e lutamos por causas que estão para lá das conquistas legais. Continuamos a ter machismo, homofobia e transfobia dentro e fora de casa, nas ruas, nas escolas, nos serviços públicos e no trabalho”, alertam as organizações.
Os dados mais recentes da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) dão conta da morte de 21 mulheres em contexto de violência doméstica, entre 20 adultas e uma criança, nos primeiros nove meses de 2022, um número muito próximo das 23 assassinadas em 2021.
A contabilização feita pelo Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA), com base em notícias publicadas na comunicação social entre 01 de janeiro e 15 de novembro deste ano, revelou 28 mulheres mortas, 22 das quais no contexto de relações de intimidade, segundo dados preliminares divulgados em 22 de novembro.
Hoje arranca também a campanha da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM) “16 Dias pelo Fim da Violência Contras as Mulheres e Raparigas”.
Trata-se de uma campanha anual, que se prolonga até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, “recordando assim que a violência contra as mulheres é a mais frequente violação dos direitos humanos em todo o mundo”, refere a organização.
O dia 25 de novembro foi também designado o Dia Cor de Laranja no âmbito da campanha UNiTE, das Nações Unidas, com esta cor a simbolizar um futuro livre de violência, mas também como forma de demonstrar a solidariedade com a luta pelo fim de todas as formas de violência contra as mulheres.