Siga-nos nas redes

País

Fenprof acusa Ministério da Educação de “encobrir” impacto da covid-19 nas escolas

Publicado

em

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) alertou hoje que a situação pandémica nas escolas está a agravar-se e acusa o Ministério da Educação de “encobrir a real dimensão do impacto da covid-19 nas escolas, mantendo o clima de opacidade”.

Em comunicado, a Fenprof reitera as “exigências de informação sobre escolas com casos de covid-19 e procedimentos adotados, bem como a negociação das condições de segurança e saúde nas escolas que tem caráter obrigatório” e sublinha que o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, “não está acima da lei”.

“Foi necessária a intervenção do tribunal para, finalmente, o ME enviar “uma (não-)resposta ao que a Fenprof requereu”, refere a federação sindical.

Segundo a Fenprof, após semanas sem responder aos seus repetidos pedidos de informação sobre quais as escolas em que existem casos de covid-19 e, nessas escolas, que procedimentos foram adotados face a essa situação, o ME “teve, finalmente, de enviar uma resposta, na sequência da ação de intimação interposta junto do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa”.

Só que a resposta recebida, via tribunal, considera a Fenprof, é “uma não-resposta, assinada por uma licenciada em Direito e não por qualquer responsável político do Ministério da Educação”.

“Uma não-resposta cujos argumentos passam por fazer crer que a Fenprof pretende obter dados que efetivamente não requereu. Ademais, essa argumentação vem pôr em causa procedimentos corretos adotados por escolas, DGAE, universidades, municípios, governos das regiões autónomas e outras entidades quando, nas mais diversas áreas, têm vindo a divulgar a existência de casos de covid-19, por exemplo, em lares, estabelecimentos prisionais, entre profissionais de saúde”, adianta.

De acordo com a Fenprof, o ME sustenta a negação da divulgação de informação alegando que a informação solicitada se relaciona com dados pessoais relativos à saúde e que seria necessário que os docentes infetados autorizassem a sua transmissão, sustentando ainda que a mera designação das escolas já permitiria a identificação das pessoas doentes pelas comunidades educativas e, acrescenta, nos meios mais pequenos, pela população em geral.

O ME argumenta ainda, segundo a Fenprof, que esses “dados facilmente extravasariam para as redes sociais” e alega que a federação sindical já tem uma lista de escolas que atualiza no seu sítio da Internet.

Para a Fenprof, tal lista é construída com os dados confirmados por escolas, entidades públicas ou comunicação social, mas “incompleta e sem informação” relativa a procedimentos e às medidas adotadas em caso de contágio.

“Com esta não-resposta, o ME continua a encobrir a real dimensão do impacto da covid-19 nas escolas, mantendo o clima de opacidade que adota desde o primeiro momento, provavelmente temendo que estas estejam a ser espaço de contágio com repercussão na comunidade e que, desse facto, venha a ser responsabilizado pela insuficiência das medidas de segurança sanitária que, à margem da negociação a que estava obrigado, impôs”, conclui a Fenprof.

Segundo a Fenprof, com o intuito de fugir ao esclarecimento, o governo “não hesita em optar por um caminho que pode vir a criar problemas às escolas, à DGAE e a outras entidades, nomeadamente porque muitas escolas “têm e bem” divulgado nos respetivos sites, redes sociais ou por outros meios a existência de casos de covid-19, identificando as turmas ou anos de escolaridade.

A Fenprof contrapõe ainda à argumentação do ME que a DGAE, há cerca de duas semanas, criou “uma plataforma onde as escolas identificam os casos positivos de covid-19 e casos de quarentena (isolamento profilático) decorrentes de contactos de risco, determinados e comunicados pelas Autoridades de Saúde e também identifica os casos positivos já recuperados”, questionando se aqueles que constituem casos positivos autorizaram essa identificação.

Entre outras situações, a federação sindical lembra que as instituições de ensino superior divulgam regularmente boletins epidemiológicos próprios, onde são identificados os casos e referidas as faculdades e/ou departamentos e/ou escolas em que se registam casos de Covid-19 e a sua evolução, o que rebate a argumentação do ME.

A Fenprof conclui assim que a “não-resposta do ME confirma que os seus responsáveis preferem continuar a encobrir o que realmente se passa nas escolas, em vez de agirem, como se exigia, de forma clara e transparente”.

“Apesar dessa prática de encobrimento, é indisfarçável que o número de escolas com casos de covid-19 tem vindo a aumentar de uma forma acelerada, havendo a registar um número crescente de alunos, professores e trabalhadores não docentes infetados”, denuncia a federação, revelando que dados que recolheu indicam que já são quase 830 as escolas que tiveram ou têm casos ativos de covid-19 no presente ano escolar.

A Fenprof diz que é “notório o aumento de casos em professores” e que já contabilizou “mais de duas centenas”, mas alerta que quanto às escolas e aos docentes estes números são “certamente mais baixos do que os reais, que continuam a ser escondidos pelo ME” e propõe a criação de um protocolo que estabeleça procedimentos semelhantes para situações idênticas, conferindo coerência aos mesmos e pede que sejam realizados testes a todos os que, nas escolas, estiveram próximos de pessoas infetadas.

Lembra ainda que, apesar de o governo ter anunciado a realização de testes rápidos nas escolas, estas “continuam sem receber qualquer informação sobre o assunto”, pelo que insiste na obrigação de os responsáveis do ME cumprirem as leis, designadamente as que o obrigam a negociar com as organizações sindicais as condições de segurança e saúde no trabalho e a fornecer informação sobre a covid-19 nas escolas.

“É lamentável que o ME viole a lei, desvalorize os sindicatos e desrespeite os professores, mas esses também serão motivos que levarão os professores a lutar”, adverte a Fenprof.

PARTILHE ESTE ARTIGO:
Publicidade Publicidade

pub

LER JORNAL

Artigos Recentes

Desportohá 12 horas

FC Famalicão: “O nosso foco está em nós próprios. Sabemos o que temos de fazer para vencer”

O treinador do Famalicão disse hoje que está consciente momento complicado da equipa, mas acredita que os jogadores vão dar...

Paíshá 14 horas

GNR de luto após o falecimento de Guarda Florestal de 25 anos em acidente trágico

A Guarda Nacional Republicana encontra-se de luto após o falecimento de André Filipe Rodrigues de Jesus, de 25 anos, na...

Bragahá 15 horas

Mulher de 65 anos com cancro morre após agressão de outro doente no Hospital de Braga

Uma mulher de 65 anos, que se encontrava internada no Hospital de Braga devido a uma doença oncológica, faleceu na...

Paíshá 17 horas

Pai e filho feridos após aparatoso acidente envolvendo o Metro do Porto em Rio Tinto

Duas pessoas ficaram feridas, na tarde desta quinta-feira, na sequência de uma colisão entre uma viatura ligeira e o Metro...

Paíshá 18 horas

Uma pessoa ficou gravemente ferida após acidente na A28 que envolveu três carros e uma mota

Um ferido grave é o resultado de uma colisão rodoviária que envolveu três viaturas ligeiras e um motociclo, na A28...

Desportohá 19 horas

Portugal vence Alemanha e apura-se pela primeira vez para as meias-finais do Mundial de andebol

Portugal apurou-se, esta quarta-feira, pela primeira vez para umas meias-finais de um Campeonato do Mundo de andebol, ao vencer a...

Paíshá 20 horas

Brisa: Número de mortos nas autoestradas desceu para menos de metade do valor de 2019

O ano de 2024 registou o número mais baixo de mortes nas autoestradas da rede Brisa, com 15 casos, anunciou...

Famalicãohá 21 horas

Famalicão: Bente apresenta o seu “Concerto de Reis” com o tenor Carlos Ferreira esta sexta-feira

O núcleo de escuteiros da freguesia de Bente, em Famalicão, convida a comunidade para o seu Concerto de Reis, que...

Desportohá 21 horas

Póvoa de Varzim: Fases finais da Taça da Liga de futsal vão disputar-se no Pavilhão Municipal

As fases finais masculina e feminina da Taça da Liga de futsal vão disputar-se no Pavilhão Municipal da Póvoa de...

Desportohá 22 horas

É oficial: Médio Otar Mamageishvili é o novo reforço do FC Famalicão

O FC Famalicão apresenta aos adeptos Otar Mamageishvili, o médio de 22 anos da Geórgia que chega do Football Club...

Arquivo

Mais Vistos