País
Qual o propósito das transferências de doentes entre hospitais? Saiba aqui.
A Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares afirmou, esta segunda-feira que as transferências de doentes entre hospitais servem para reduzir a pressão sobre as unidades de saúde, atualmente com uma média de 80% de ocupação.
O dirigente da APAH Eduardo Castela refere que “Atualmente existe um melhor funcionamento em rede dos hospitais e tem ajudado a diminuir a pressão hospitalar”.
Um trabalho ao qual ajudou o despacho de 04 de novembro da ministra da Saúde, Marta Temido, que visa garantir a melhor coordenação e articulação de resposta às necessidades, equilibrando a assistência regional e inter-regional.
Segundo Eduardo Castela, as unidades hospitalares têm transferido alguns doentes quando sentem maior pressão para unidades que têm menos pressão.
Um exemplo deste funcionamento em rede é o Hospital São José, em Lisboa, que anunciou no sábado que recebeu quatro doentes com a covid-19 da região Norte do país que necessitavam de ECMO, um dispositivo de circulação extracorporal essencial ao tratamento de doentes críticos, devido ao facto de o Hospital São João ter na altura apenas um equipamento disponível
“O que nós assistimos ao longo desta última semana foi um aumento do número de mortos, um aumento de internados e um aumento do número de casos médios e isso teve um reflexo na pressão hospitalar”, adiantou Eduardo Castela.
Esses internamentos traduziram-se em 513 doentes em cuidados intensivos e pelas previsões da APAH “o pior cenário será no final desta semana” com 605 doentes covid-19 internados em cuidados intensivos e perto de 4.500 em enfermaria.
Se o país chegar a estes números, “sabemos que existirá um eventual cancelamento da atividade programada até por via da realocação de recursos para a área covid-19”, admitiu.
Eduardo Castela lembrou que está a haver programas de expansão de camas de cuidados intensivos que podem chegar perto das 900, com transformações que alguns hospitais estão a fazer.
A preocupação da APAH é que devido à pressão hospitalar possa vir a existir “o cancelamento da atividade programada” com prejuízo de tratamento dos doentes não-covid-19.
“Temos vindo a alertar para o planeamento desde o início da pandemia, em março, para uma antecipação e uma preparação atempada para se traduzir numa adequação de meios, particularmente a recursos humanos”, defendeu.
O responsável observou que a questão do número de profissionais é que permite garantir o tratamento aos doentes covid e não covid, mas também assegurar as questões que tenham de ser desenvolvidas para fazer a essa escassez de recursos humanos.
Também é necessário assegurar o esforço que tem sido feito para a contratação do setor social, que em termos de retaguarda também permitirá um alívio da pressão hospitalar, defendeu.
“A contratação e a formação das pessoas para responder a esta pressão é fundamental para levarmos a cabo este combate à pandemia de covid-19 e aliviar a pressão hospitalar”, sustentou.
“Os hospitais têm planos de contingência, mas seria também importante olharmos para os doentes não-covid-19 para tentarmos garantir a continuidade dos tratamentos a esses doentes”, reiterou Eduardo Castela.
Portugal registou hoje o número máximo de mortes diárias por covid-19 ao contabilizar mais 91 óbitos nas últimas 24 horas e contabilizou mais 3.996 novos casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
O número de internamentos hospitalares por covid-19 ultrapassou, pela primeira vez, os três mil casos (3.040).
Desde o início da pandemia, Portugal já registou 3.472 mortes e 255.672 casos de infeção pelo novo coronavírus.
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