A Ordem dos Médicos (OM) anunciou hoje que alertou o governo para “problemas graves nos centros de saúde” por a mobilização de médicos para o combate à pandemia de covid-19 deixar sem resposta os restantes doentes.
“A Ordem dos Médicos afirmou o papel determinante dos médicos de família no sucesso no acompanhamento dos doentes com Covid-19, merecedor de grande apreço e reconhecimento de todos”, refere a ordem em comunicado divulgado depois de uma reunião, que tinha sido pedida à ministra da Saúde mas decorreu com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, a quem a OM apelou para uma rápida revisão da estratégia que tem vindo a ser seguida.
O bastonário dos médicos, Miguel Guimarães, pediu ao Ministério da Saúde para encontrar outras alternativas para que a agenda dos médicos de família – “já antes sobrecarregada com 1.900 doentes” – não continue a estar “totalmente tomada pelo Trace-Covid, Áreas Dedicadas para Doentes Respiratórios e App StayAway Covid”.
No entendimento da Ordem dos Médicos, “os números conhecidos do excesso de mortalidade reforçam a necessidade de se voltarem a acompanhar os doentes crónicos e a apostar na promoção da saúde e prevenção da doença”.
No encontro, a Ordem dos Médicos mostrou-se também preocupada com as previsões da tutela para 2021, “com menos quatro milhões de consultas médicas presenciais e menos 64.000 ao domicílio”, em relação a 2019.
“Mesmo em consulta aberta, vão ser feitos quase menos 200.000 atendimentos”, alerta ainda a OM no comunicado.