Guimarães
Trabalhadores da Coelima afirmam que “esperança é última a morrer” apesar da angústia e ansiedade
Angústia é o sentimento que domina os mais de 250 trabalhadores da têxtil Coelima, de Guimarães, distrito de Braga, perante as incertezas que pairam sobre o futuro próximo da empresa, apresentada à insolvência em abril.
No entanto, os trabalhadores não atiram a toalha ao chão e olham com esperança para uma proposta de compra da empresa que entretanto surgiu.
“A notícia da insolvência foi uma bomba, um choque imenso. Foi como se me atirassem um balde água gelada pela cabeça abaixo”, disse Esmeralda Guimarães, 56 anos de idade, trabalhadora da Coelima há 34.
O marido de Esmeralda também trabalha na Coelima, há 34 anos, e “há muitas noites” que a perspetiva de encerramento da fábrica não deixa dormir o casal.
“É toda uma vida aqui”, acrescenta, emocionada, lembrando os tempos em que a fábrica empregava mais de 3.000 pessoas.
Evaristo Ribeiro e a mulher também trabalham na Coelima, ele há 15 anos, ela há “36 ou 37”.
“O nosso receio é só um: que isto feche e que fiquemos sem trabalho. Queremos trabalhar, sabemos trabalhar, parece que há um interessado na empresa, estamos ansiosos pela resposta. E esta ansiedade não mata, mas mói”, atira.
A Coelima, que completa no próximo ano 100 anos, tem mais de 250 trabalhadores e foi apresentada a insolvência em abril.
Na quarta-feira, a administração disse que não vai apresentar um plano com vista à recuperação da empresa, após o que apareceu um consórcio com sede em Guimarães que apresentou, na sexta-feira, uma proposta de compra da Coelima, colocando como condição, entre outros pontos, a manutenção dos postos de trabalho, bem como a assunção dos direitos e antiguidade dos trabalhadores.
A proposta deu entrada no Tribunal de Comércio de Guimarães, no distrito de Braga.
O anúncio da sentença de declaração de insolvência foi publicado em 22 de abril, com a empresa a apresentar um passivo de perto de 30 milhões de euros e cerca de 250 credores no final de 2020.
“Sabíamos que isto estava tremido, mas nem de perto nem de longe contávamos com a notícia da insolvência. Foi um choque tão grande”, reitera Esmeralda Ribeiro.
A empresa não tem salários em atraso, devendo nos próximos dias ser pago o ordenado de maio.
Se for aceite, a proposta que deu entrada assegura também o pagamento dos salários de junho.
“Mas esta incerteza não nos deixa dormir, é um nó na alma que nos angustia”, refere outra trabalhadora.
Constituída em 1922 e uma das maiores produtoras de roupa de cama, a têxtil de Guimarães integra o grupo MoreTextile, que em 2011 resultou da fusão com a JMA e a António Almeida & Filhos e cujo acionista principal é o Fundo de Recuperação gerido pela ECS Capital.
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