O Arouca subiu hoje à I Liga portuguesa de futebol, um prémio inesperado para o emblema que chegou esta temporada à II Liga e superou as expectativas, terminando a fase regular com uma série de nove vitórias consecutivas.
As nove vitórias consecutivas na reta final do campeonato valeram o ‘passaporte’ para o ‘play-off’ de acesso à I Liga, no qual os arouquenses encontraram o Rio Ave, tendo vencido na quarta-feira, em casa, por 3-0, na primeira mão, e hoje, em Vila do Conde, por 2-0, ‘carimbando’ o regresso ao principal escalão do futebol português.
A equipa, liderada desde o banco por Armando Evangelista, teria como objetivo inicial a estabilização do segundo escalão do futebol português, mas a consistência defensiva demonstrada desde cedo e a boa forma encontrada a partir de fevereiro (13 vitórias em 17 jogos), permitiram sonhar com o que, em janeiro, parecia bastante improvável.
Nessa altura, na 18.ª jornada, os arouquenses ocupavam o nono lugar, com 24 pontos, a nove do segundo classificado, a Académica, e com apenas 17 tentos marcados – e 16 sofridos –, não pela falta de oportunidades criadas, mas pela falta de acerto na hora de finalizar.
À equipa que já contava com a consistência do ‘capitão’ Thales Oleques – disputou todos os jogos do campeonato –, a liderança defensiva de João Basso, a experiência de Pedro Moreira e Leandro Silva no ‘miolo’ e a objetividade de André Silva, Bukia e Adílio, juntaram-se, no mercado de transferências de inverno, nomes como Arsénio, Sema Velázquez, Pité e Mauro Caballero.
Os dois primeiros reforços tornaram-se ‘pedras basilares’, enquanto Pité entrou no ‘onze’ na reta final da temporada, oferecendo mais fulgor ofensivo do que aquele que foi dado por Marco Soares, experiente médio defensivo e ‘esteio’ da equipa na primeira metade da temporada.
Heliardo e Mauro Caballero foram opções regulares para sair do banco de suplentes, para render o melhor marcador da equipa, André Silva, que anotou oito golos na fase regular, e a irreverência de Bukia ofereceu mais presença na área contrária e ‘poder de fogo’.
Porém, a chave para o sucesso de Armando Evangelista – na primeira subida à I Liga do técnico, de 47 anos – estava no processo defensivo, com apenas 24 golos sofridos em 34 jogos, sendo a defesa menos batida do campeonato, graças à ‘segurança’ oferecida por Victor Braga entre os postes e à boa parceria entre João Basso e Sema Velázquez no eixo defensivo.
Apesar desse registo, o futebol praticado pelos arouquenses não era defensivo, mas sim de controlo e gestão da partida, procurando, com paciência, encontrar ‘brechas’ no esquema adversário, através de triangulações na zona central e corredores, ou, em caso de dificuldade, explorar o contra-ataque e a verticalidade oferecida, nomeadamente, por André Silva e Bukia.
Destaque também para o papel de João Basso no ataque, terminando o campeonato com sete golos marcados, uma temporada de alto nível do central brasileiro, que teve um papel semelhante ao do uruguaio Coates no título nacional conquistado pelo Sporting.
Cinco épocas depois, o Arouca vai somar a quinta presença no escalão máximo do futebol português, no qual conseguiu uma qualificação para a Liga Europa (2015/16), uma conquista com sabor amargo, já que na mesma época em que pisou os relvados europeus caiu para o segundo escalão (2016/17), devido ao conjunto de resultados na última jornada.
Depois de falhar o regresso à I Liga na temporada seguinte (2017/18), o Arouca ‘afundou’ e caiu para o Campeonato de Portugal em 2018/19, acabando por ser indicado para subir à II Liga pela Federação Portuguesa de Futebol na sequência da conclusão precoce da competição, em 2019/20, devido à pandemia da covid-19, juntamente com o Vizela.