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Conselho nacional da Pastoral Juvenil conclui encontro em Braga com foco em desafios e transformação

O futuro da juventude na Igreja e na sociedade

Braga, 27 de maio de 2025 – O Conselho Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ) encerrou nos dias 23 e 24 de maio, em Braga, um encontro sob o tema “Há todo um mar de desafios”, reafirmando a sua importância como espaço de reflexão e discernimento sobre o futuro da juventude na Igreja e na sociedade. O evento reuniu dioceses, movimentos, congregações e associações ligadas à pastoral juvenil, com um olhar atento às vozes e inquietações das novas gerações.

Este Conselho foi marcado pela memória agradecida ao pontificado do Papa Francisco e pela oração confiante pelo início do ministério do novo Papa, Leão XIV. Os participantes aprofundaram temas centrais como o protagonismo juvenil, a construção de uma pastoral mais inclusiva e transformadora, a prevenção de abusos e o compromisso com uma Igreja verdadeiramente sinodal.

Novos Horizontes e Grandes Desafios

Foi reiterada a urgência de uma pastoral juvenil que se arrisque ao encontro com o mundo real e plural dos jovens. Destacou-se a necessidade de os jovens católicos “saírem da bolha” dos seus contextos eclesiais para dialogar com quem vive à margem dos valores cristãos, sem perder a identidade.

O Presidente do Conselho Nacional de Juventude, André Cardoso, e Carlos Sousa Santos, Coordenador do Programa de Aceleração do Human Power Hub, participaram neste momento de reflexão. Foi feito um apelo à participação ativa dos jovens cristãos na construção de um Portugal mais justo e fraterno, nomeadamente através do envolvimento nas políticas públicas. André Cardoso sublinhou que “ficar à margem” não é opção, e os jovens devem assumir o seu papel como protagonistas da mudança, com base em princípios de solidariedade e fraternidade. Foram identificados problemas centrais dos jovens, como saúde mental, habitação, redes sociais e individualismo, bem como desafios nas políticas de juventude, exigindo empatia e ação coordenada. A reflexão apontou para a contribuição decisiva dos jovens católicos no rejuvenescimento das comunidades.

Pastoral Juvenil em Portugal: Um Quadro de Referência

Foi debatida a proposta de um quadro de referência nacional para a Pastoral Juvenil, enfatizando a diversidade e inclusão para “todos os jovens” em Portugal, reconhecendo as suas diversas realidades culturais, económicas, religiosas e existenciais. A proposta sugere uma pastoral que vá além da evangelização tradicional, tocando as realidades concretas da vida dos jovens em diversos contextos, como escola, cultura, desporto e internet. A agência juvenil foi sublinhada, com os jovens sendo vistos como agentes ativos na construção da Igreja. Este documento está a ser elaborado de forma participativa, com o projeto “Escuta 360° Juntos a escutar o futuro”, e será submetido à aprovação da Conferência Episcopal em 2026. A reflexão foi conduzida pelo Pe. Rui Alberto, SDB.

Prevenção da Violência Sexual contra Crianças, Jovens e Adultos Vulneráveis

O Conselho dedicou espaço à proteção de menores, jovens e adultos vulneráveis na Igreja, contando com a participação de Rute Agulhas, coordenadora do Grupo Vita. Destacou-se a urgência em informar a população mais jovem sobre abusos e como agir. É essencial combater o “efeito de espectador passivo” e os pactos de silêncio, promovendo o apoio ativo e a denúncia responsável. Mais de 60% das dioceses e muitos institutos de vida consagrada já solicitaram apoio ao Grupo Vita para formação. O empoderamento juvenil foi considerado fundamental, equipando os jovens com ferramentas práticas para reconhecer, reagir e reportar abusos, ressaltando que “respeitar os limites dos outros é uma linguagem fundamental da pastoral com e para os jovens”.

Por uma Igreja Sinodal: Relações, Escuta e Formação

Inspirados no documento final da XVI Assembleia do Sínodo dos Bispos, os participantes refletiram sobre a necessidade de uma pastoral juvenil sinodal e relacional. Enfatizou-se que a juventude é o presente da Igreja, e não apenas o futuro, devendo ser acolhidos como protagonistas. Uma Igreja sinodal implica uma cultura de escuta, amizade e acompanhamento, marcada pela presença e não pelo paternalismo. O anúncio de Cristo passa por relações significativas e próximas que acompanhem a vida real dos jovens, tendo em conta temas como emprego, justiça salarial, crise habitacional, redes sociais e ecologia. A participação efetiva dos jovens nos órgãos consultivos e pastorais deve ser garantida e valorizada. A formação integral dos jovens e dos formadores é uma dimensão essencial e transversal a toda a pastoral. A reflexão foi conduzida pelo Pe. Paulo Terroso, Reitor da Basílica dos Congregados (Braga).

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