A investigadora Sofia Marques Ramalho, da Universidade do Minho (UMinho), venceu o “maior prémio europeu” para jovens investigadores em obesidade infantil, anunciou hoje aquela academia.
Em comunicado, a UMinho acrescenta que o galardão foi agora atribuído no 28.º Congresso da Associação Europeia para o Estudo da Obesidade (EASO), a principal federação de entidades profissionais neste âmbito.
Sofia Marques Ramalho foi laureada pelo seu percurso académico, pelos estudos sobre comportamento alimentar e pelas intervenções online sobre obesidade infantil.
“Estou feliz por reconhecerem o meu trabalho na busca de novas formas de tratamento para o excesso de peso/obesidade na infância e adolescência e na interligação com as novas tecnologias”, afirmou a investigadora, citada no comunicado.
A pesquisa de Sofia Ramalho mostrou, por exemplo, que uma intervenção baseada na rede social Facebook complementa “com eficácia” o tratamento usual na obesidade pediátrica em hospitais.
Os adolescentes participantes no projeto “APOLO-Teens” passaram a comer duas peças de fruta por dia e mais vegetais e reduziram sintomas depressivos ou certos comportamentos, como o medo de engordar ou o recurso ao petisco.
Noutro trabalho recente, Sofia Marques Ramalho concluiu que crianças em tratamento para perda de peso têm por vezes mães já com comportamentos alimentares problemáticos, isto é, o quadro familiar pode afetar as condutas.
Já nos estudos sobre covid-19, por exemplo, a investigadora demonstrou que o confinamento levou a comportamentos alimentares problemáticos associados a sintomas depressivos, de ansiedade e stresse.
Sugere, por isso, uma base de intervenção que mitigue as consequências a curto/longo prazo em contextos similares.
Sofia Marques Ramalho, de 30 anos, é mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pela UMinho, doutorada em Psicologia Aplicada pela UMinho e pós-graduada em Psicoterapia Cognitivo-comportamental na Infância e Adolescência pelo Instituto Português de Psicologia.
Atualmente, é investigadora no Grupo de Estudos das Perturbações Alimentares, na Escola de Psicologia da UMinho, em Braga.
Em concreto, explora as relações neurocognitivas da perda do controlo alimentar em adolescentes com sobrepeso/obesidade e testa a eficácia de uma intervenção familiar na rede social Facebook para essa população, no âmbito de uma investigação financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Além disso, coordena desde 2016 o Grupo de Jovens Investigadores da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, que tem lançado artigos científicos, campanhas de sensibilização, simpósios e seminários ‘online’, entre outras atividades.
“A obesidade é um dos mais sérios e graves problemas de saúde pública do século XXI. É uma doença complexa e, também por isso, é crucial que todos adotemos um estilo de vida saudável”, realça.