Braga
Sindicato das Indústrias Transformadoras defende trabalhadores da Bosch após anuncio de “lay-off”
O Sindicato das Indústrias Transformadoras defendeu hoje que a Bosch/Braga deveria pagar “por inteiro” o salário e o subsídio de alimentação dos trabalhadores no ‘lay-off’ que vai vigorar a partir de segunda-feira.
Sérgio Sales, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE Norte) sublinhou que o grupo Bosch, com cerca de 3.200 trabalhadores, “tem mais do que capacidade financeira” para um ‘lay-off’ pago a 100%.
“O que se verifica é que, mais uma vez, os trabalhadores vão ser penalizados por uma crise que não lhes diz respeito e para a qual em nada contribuíram”, criticou.
A Bosch em Braga vai entrar em ‘lay-off’ a partir de segunda-feira devido à escassez de semicondutores, garantindo a retribuição “de 85% do rendimento ilíquido mensal” dos trabalhadores afetados, anunciou hoje o grupo.
Esta medida abrange os colaboradores da área de produção e de áreas de apoio, no período de 10 de maio a 09 de junho deste ano, “com uma possível prorrogação”, adiantou a Bosch Car Multimedia Portugal, em comunicado.
“Procurando minorar o impacto desta medida na vida dos colaboradores e suas famílias, a Bosch irá garantir a retribuição de 85% do rendimento ilíquido mensal aos colaboradores afetados, indo além dos dois terços previstos na lei”, refere a empresa.
A Bosch Car Multimedia Portugal, em Braga, sublinha que “tem sido fortemente afetada pela escassez mundial de fornecimento de componentes eletrónicos, nomeadamente semicondutores, que se tem agravado no segundo trimestre de 2021”.
Esta crise mundial, sublinha, “tem provocado várias paragens de produção na empresa”.
O SITE Norte diz compreender que existam problemas com o fornecimento de semicondutores, mas considera que a crise não pode ser “sistematicamente paga” pelos trabalhadores.
“Não estamos a falar de uma empresa qualquer, mas sim de uma empresa que no ano passado atingiu um volume de vendas na ordem dos 70 mil milhões de euros e que tem capacidade financeira mais do que suficiente para um ‘lay-off’ sem custos para os trabalhadores”, enfatizou Sérgio Sales.
A empresa diz que decidiu recorrer ao ‘lay-off’ do Código de Trabalho para “preservar os postos de trabalho”.
Apesar do impacto negativo da escassez que a componentes está a ter no negócio, a administração da Bosch Car Multimedia Portugal “afirma já ter novos produtos e tecnologias planeadas para serem lançadas e reforça as expectativas de crescimento e sustentabilidade para os próximos anos”.
O grupo salienta que “os colaboradores foram informados atempadamente”.
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