A Coelima – Industria Têxteis tinha um passivo de perto de 30 milhões de euros e cerca de 250 credores no final de 2020, segundo o pedido de insolvência entregue no Tribunal de Comércio de Guimarães, distrito de Braga.
A empresa têxtil, com 253 trabalhadores, declarou estar “numa situação de insolvência iminente, antecipando que a breve trecho se encontrará impossibilitada de cumprir com as suas obrigações nas respetivas datas de vencimento”.
Segundo o relatório e contas, em 31 de dezembro de 2020, a Coelima tinha um ativo contabilístico na ordem dos 31,1 milhões de euros e um passivo superior a 29,5 milhões de euros, “sendo detido por aproximadamente por 250 credores (a esmagadora maioria fornecedores da Coelima)”, refere a PI, acrescentando que a Coelima não tem dívidas à Autoridade Tributária nem salários em atraso.
Entre os credores, “existem dois particularmente expressivos”: a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Fundo de Apoio à Concentração e Consolidação de Empresas (FACCE), que, no conjunto,“representam aproximadamente 80% do total do passivo extra grupo da Coelima, por referência a 31 de dezembro de 2020”.
O banco detém 42% do passivo, mais de 8,5 milhões de euros, enquanto o FACCE representa 38% do passivo, mais de 7,8 milhões de euros.
“As dificuldades em que se encontra a Coelima residem, essencialmente, na insuficiência de fluxos operacionais gerados para fazer face ao passivo corrente da sociedade, em face da incerteza global que emergiu com o alastramento da crise pandémica e das consequentes restrições na atividade comercial dos principais mercados onde a Coelima e os seus clientes operam”, diz a Petição Inicial.
Há cerca de uma semana a Coelima anunciou que pediu a insolvência, na sequência da quebra de vendas “superior a 60%” provocada pela pandemia e da não aprovação das candidaturas que apresentou às linhas de crédito covid-19”.
A empresa, constituída em 1922, e “uma das maiores produtoras de roupa de cama”, que produz essencialmente para exportação para os mercados europeus e norte-americano, manifestou interesse “em que a administração da massa insolvente” seja por si assegurada.
“Não obstante a situação de insolvência iminente da requerente, a equipa de gestão da Coelima entende que a empresa é viável e que o recente surto pandémico, não deixando de ter um impacto na forma como tem vindo a ser conduzida a sua atividade, oferece oportunidades consideráveis às diferentes empresas que operam no setor têxtil”, sustenta a empresa.
Nesse sentido, a Coelima assumiu o compromisso perante o Tribunal de Comércio de Guimarães de, “no prazo de 30 dias após a sentença que decrete” a sua insolvência, apresentar “um plano de insolvência que preveja a continuidade da exploração da empresa pela Coelima”.
Na Petição Inicial a Coelima propõe ao tribunal que nomeie Pedro Pidwell como administrador de insolvência, uma vez que, após “uma pesquisa”, o seu nome surgiu como “uma referência sólida e consensual” e com o “perfil adequado” para desempenhar as funções de administrador de insolvência neste processo.
Ainda não houve decisão Tribunal de Comércio de Guimarães sobre o pedido de insolvência.
A Coelima integra o grupo MoreTextile, – que é um dos cinco maiores credores – e resultou da fusão, em 2011, com a JMA e a António Almeida & Filhos e cujo acionista principal é o Fundo de Recuperação gerido pela ECS Capital.
A empresa opera na zona Norte do país, no Vale do Ave, concentrando o essencial da sua atividade no polo industrial de Pevidém, em Guimarães.