Guimarães
Funcionários da Coelima “preocupados” com insolvência mas “empenhados e a produzir”
Os funcionários da Coelima, que hoje se apresentou à insolvência, estão “preocupados mas serenos” e vão continuar “empenhados e a produzir”, dissecum representante sindical, adiantando que na segunda-feira vão começar os plenários de trabalhadores.
O presidente do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, Francisco Vieira, afirmou que os trabalhadores não têm prevista qualquer ação de protesto contra o pedido de insolvência que foi hoje apresentado pela administração, mas “não descartam nenhuma possibilidade”.
Para já, frisou Francisco Vieira, os trabalhadores da Coelima estão “preocupados mas serenos” e vão continuar “empenhados e a produzir” para não serem acusados de serem os “responsáveis se alguma coisa correr mal”.
“Na segunda-feira vamos partir para a realização de plenários para informar e envolver todos os trabalhadores. Se for necessário sair à rua, temos uma enorme experiência nessa frente e não está descartada nenhuma possibilidade. Mas espero que não seja necessário”, frisou o presidente do sindicato.
Francisco Vieira, que é também trabalhador da empresa, confirmou ainda que “neste momento não há dívidas” aos trabalhadores, pelo que mantêm a esperança de que seja encontrada uma solução para a empresa têxtil que opera em Pevidém, na freguesia de São Jorge de Selho (concelho de Guimarães), “há quase 100 anos”.
O pedido de insolvência “deu hoje entrada” no tribunal, que tem agora “três dias úteis, a partir de amanhã”, para proferir uma decisão, que o dirigente sindical acredita que será a de nomear um administrador de insolvência.
“Espero que termine tudo em bem. Tal como no passado, hoje e sempre estaremos na linha da frente da continuidade da empresa e dos postos de trabalho. Desde que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados, nomeadamente o emprego, os direitos, o tempo de permanência na empresa, não haverá nenhum ruído”, disse Francisco Vieira.
O sindicalista referiu ainda que a notícia do pedido de insolvência da Coelima “caiu que nem uma bomba”, apesar de os funcionários estarem “atentos” e verem “com muito maus olhos” a evolução da empresa desde que o Conselho de Administração foi substituído, em 09 de março.
Segundo Francisco Vieira, as outras empresas do setor na região estavam já “cheias de trabalho”, enquanto a Coelima “ainda estava a recorrer às medidas de apoio à retoma”.
O dirigente sindical disse ter aproveitado a reunião de hoje para questionar o Conselho de Administração da Coelima sobre os motivos da falta de trabalho, ao que lhe terá sido dito que “a empresa está com falta de liquidez e não tem tesouraria” para cumprir os contratos.
Fonte oficial da têxtil disse hoje à Lusa que procurou diferentes alternativas para prosseguir a atividade, salientando, entre as várias ações promovidas, as candidaturas apresentadas às várias linhas de crédito covid-19, mas que até à data não foram aprovadas.
A Coelima apresentou-se hoje à insolvência, na sequência da quebra de vendas “superior a 60%” provocada pela pandemia e da não aprovação das candidaturas que apresentou às linhas de crédito covid-19, disse explicou a mesma fonte.
Com cerca de 250 trabalhadores, a têxtil de Guimarães integra o grupo MoreTextile, que em 2011 resultou da fusão com a JMA e a António Almeida & Filhos e cujo acionista principal é o Fundo de Recuperação gerido pela ECS Capital.
De acordo com a fonte oficial da têxtil, após “todos os esforços realizados, a empresa decidiu apresentar-se à insolvência de forma a minimizar os impactos nos vários ‘stakeholders’, nomeadamente dos colaboradores, que apesar da situação têm todos os salários em dia”.
Depois da restruturação realizada ao longo dos últimos anos, a Coelima esteve perto de ser alienada em março do ano passado, mas a operação acabou por não avançar, num contexto de incerteza gerada com a pandemia.
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