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Ex-presidente da APPACDM de Braga vai processar atual presidente por difamação

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O anterior presidente da APPACDM de Braga disse esta sexta-feira à Lusa que vai responsabilizar criminalmente o atual presidente, que o acusou de ter lesado a instituição em “entre dois a três milhões de euros”.

O atual presidente da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Braga, Bruno Silva, disse na quinta-feira à Lusa que a direção anterior, liderada por Bruno Ramos, poderá ter lesado a instituição em “entre dois a três milhões de euros”, através de gestão danosa e de apropriação ilícita de dinheiros públicos.

Bruno Ramos lembrou hoje que foi presidente da APPACDM de Braga entre 11 de novembro de 2022 e 08 de janeiro deste ano, salientando que nesse período Bruno Silva era presidente do Conselho Fiscal da instituição.

“Ou seja, era ele que fiscalizava as contas e os documentos da instituição. Em julho de 2023 foram aprovadas as contas de 2022 e foi emitido o parecer favorável do conselho fiscal presidido pelo tal Bruno Silva, com acesso a todos os documentos. A 25 de novembro de 2023, há poucos meses, foi apresentado o plano de ação e o orçamento para o ano 2024, com um saldo positivo de 54 mil euros e, mais uma vez, tivemos aqui um parecer favorável do conselho fiscal. Ou seja a pessoa que agora diz que há um desvio de 2 a 3 milhões de euros emitiu sempre pareceres favoráveis”, salientou Bruno Ramos.

E frisou: “Se, eventualmente, existisse alguma gestão danosa, essa pessoa está comigo na alegada gestão danosa. Outras pessoas poderão falar sobre as contas, mas aquela pessoa que foi presidente do conselho fiscal até ao dia que tomou posse nos finais de fevereiro, era o presidente do conselho fiscal, viu todos os documentos e disse que estava tudo bem”.

De acordo com Bruno Ramos, “o próprio técnico de contas deu parecer favorável, a instituição está sujeita a um revisor oficial de contas, que também deu parecer favorável”.

“Fala-se de uma forma totalmente falsa, mentirosa e descarada em desvio de 2 a 3 milhões de euros, quando o que está em causa é a incompetência de não saber resolver os problemas. O orçamento anual da APPACDM de Braga era de 3, 4 milhões de euros, se eu tivesse feito um desvio de três milhões de euros, não tinha pago a ninguém durante o ano que lá estive”, afirmou.

A instituição, segundo este responsável, tem “um passivo herdado desde há muito tempo, um passivo de um milhão e tal de euros e, portanto, há aqui um valor de contribuições que tinha de ser negociado com a segurança social, já estão há três meses, desde que eu saí, e não fizeram absolutamente nada”.

“Como é que me responsabiliza a mim, se durante o período em que eu estive a exercer funções de direção, que só foi um ano, nós pagámos créditos salariais, que já vinham desde o ano 2011, aos trabalhadores e dívidas aos fornecedores, no valor de mais de 300 mil euros?”, questionou.

Bruno Ramos disse que vai processar quem proferiu tais acusações, ou seja, o atual presidente da direção, e que vai pedir uma indemnização no valor dos montantes que alegadamente desviou.

“Vai ser responsabilizado, porque isto é uma verdadeira difamação, pura e simples. Eu estou aqui, disponível para a justiça, não fugi, toda a gente sabe onde estou. Até hoje não fui contactado para nada, aguardo serenamente, se for necessário”, afirmou.

Na quinta-feira, o atual presidente Bruno Silva disse à Lusa que a APPACDM de Braga está “sem dinheiro para pagar os salários de março, porque as suas contas foram penhoradas pela Segurança Social”.

Disse também que, além do não processamento dos salários, a APPACDM também vai encerrar, por tempo indeterminado, os seus seis centros de atividades e capacitação para inclusão (CACI), três dos quais ficam em Braga e os outros em Vila Nova de Famalicão, Esposende e Vila Verde.

“Para já, e a muito custo, ainda mantemos os lares abertos, porque em causa estão utentes totalmente dependentes dos nossos serviços”, disse ainda Bruno Silva.

Admitiu, no entanto, que se a questão das contas não for rapidamente desbloqueada, a instituição poderá ter de avançar para o encerramento, porque os fornecedores, designadamente no campo da alimentação, ameaçam “fechar a torneira”.

Para terça-feira, está agendada uma reunião no Centro Distrital de Segurança Social de Braga para se tentar chegar a um acordo que permita o retomar do normal funcionamento da APPACDM.

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