Região
Região Norte prepara florestas com vias para combate e prevenção de incêndios
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) prevê executar em 2021, no Norte, 800 hectares de rede primária de faixas de gestão de combustível para travar incêndios e criar áreas seguras para o combate.
A diretora regional de Conservação da Natureza e das Florestas do Norte, Sandra Sarmento, visitou hoje a rede primária que está a ser executada no concelho de Boticas, distrito de Vila Real, onde há uma grande mancha florestal de pinheiro bravo.
“Estamos a falar de uma área de 126 metros de largura que nos permite aqui travar incêndios e criar áreas seguras no combate”, afirmou a responsável.
Na localidade de Pinho foi possível ver a intervenção das máquinas na execução da rede primária e na beneficiação de rede viária florestal, e no alto da serra entre Curros e Mosteirão pode ser observado um vasto território intervencionado.
“A nossa rede primária está estruturada na faixa de interrupção de combustíveis, que é uma faixa onde não há nenhum tipo de ocupação e, portanto, tem também a rede viária florestal que permite o acesso e depois tem uma faixa de redução de combustíveis”, explicou Sandra Sarmento.
Segundo a diretora regional, para 2021 está prevista a execução de “mais de 800 hectares” de rede primária na região Norte, num orçamento estimado de 800 mil euros.
Em 2020, foram executados 600 hectares e aplicados cerca de 500 mil euros.
O trabalho de prevenção e de proteção da floresta contra incêndios é feito em várias frentes e com várias ações no terreno.
Por exemplo, segundo Sandra Sarmento, em breve vai também arrancar um projeto para a criação de mosaicos de parcelas de gestão de combustível em Montalegre, Vila Pouca de Aguiar e Valpaços.
“Também estão ancoradas nesta rede primária e são áreas onde vamos criar descontinuidades onde temos áreas contínuas de pinhal que vão proteger estas áreas florestais muito relevantes”, sustentou.
Vai também avançar um conjunto de projetos de gestão florestal, resultantes de 19 candidaturas apresentadas ao Programa de Desenvolvimento Rural (PDR).
“Todos estes trabalhos têm em vista reduzir o número de incêndios e as áreas ardidas, bem como os prejuízos, a destruição de bens e do património florestal”, frisou Sandra Sarmento.
Para o presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, o trabalho em curso no seu concelho “é muito importante”.
“Sei o que isso vale e o quanto nos vai ajudar a chegar mais facilmente ao combate, com melhores acessos e, depois, a criação destas faixas descontinuadas para que o incêndio não se propague. A floresta é também uma das grandes riquezas das pessoas que aqui vivem”, frisou.
Na sua opinião, os “incêndios florestais combatem-se a montante, na prevenção”.
O autarca disse que o município está também a fazer a sua parte na limpeza da rede viária e apontou o projeto de florestação que está a ser promovido em conjunto com a Iberdrola, no âmbito das compensações pela construção das barragens do Alto Tâmega.
O trabalho, frisou, tem dado resultado, traduzindo-se, de ano para ano, em menos ignições e menos área ardida.
Também para o comandante distrital de operações de socorro de Vila Real (CODIS), Álvaro Ribeiro, este é “um trabalho fundamental”.
“Nós estamos a criar condições para que a floresta efetivamente possa resistir ao mau uso do fogo e em condições meteorológicas muito adversas que se verificam aqui na zona. Estamos num concelho que é um exemplo em termos de povoamento florestal de pinheiro bravo e com fortes declives”, salientou.
Na sua opinião, os trabalhos que aqui estão a decorrer “são fundamentais para preservar a floresta, para facilitar as operações de combate e dar segurança aos operacionais”.
Hoje, em que se assinala o Dia da Proteção Civil, Álvaro Ribeiro apelou às populações para a adoção das “melhores práticas no uso do fogo, melhores e maiores cuidados no uso do fogo e para que contribua definitivamente para a proteção dos próprios, dos seus haveres e da floresta”.
Desde o início deste ano, no distrito de Vila Real já arderam 278 hectares. Dos 33 incêndios registados, 23 foram no concelho de Montalegre.
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