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Ministro relembra que Governo ainda pode cancelar planos de Natal se a pandemia se descontrolar

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, fala aos jornalistas durante a conferência de imprensa sobre a covid-19 realizada no Ministério da Saúde, em Lisboa, 14 de abril de 2020. Portugal regista hoje 567 mortos associados à covid-19, mais 32 do que na segunda-feira, e 17.448 infetados (mais 514). MANUEL DE ALMEIDA/POOL/LUSA

Recordando que o Governo não hesitará em puxar o travão de mão se houver necessidade em função da evolução da pandemia de covid-19, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde falou à comunicação social durante uma visita ao Hospital de Leiria.

António Sales salientou que o “Governo tem tomado as medidas certas no tempo certo e os portugueses têm percebido isso”.

“É evidente que se houver necessidade, em função de um enquadramento e contexto, de puxar o travão de mão como o senhor primeiro-ministro o disse, obviamente que o Governo não hesitará”, garantiu o governante.

O secretário de Estado, que visitou o hospital onde foi ortopedista vários anos, acrescentou que o “Governo procurará equilibrar aquilo que é o controlo desta pandemia e aquilo que é o bem-estar psicológico dos portugueses”.

O governante socialista não avançou quais as medidas que poderão sair do próximo conselho de ministros, admitindo, contudo, que qualquer decisão terá em conta o “conjunto global não só ao nível de óbitos, como de internamento e pressão dos serviços de saúde”.

António Sales sublinhou ainda que vai depender do “comportamento dos portugueses” haver mais ou menos restrições.

“Temos feito um apelo constante àquilo que tem de ser o comportamento individual e a consciência coletiva. O comportamento individual de cada um de nós vai ser decisivo naquilo que vai ser o nosso sucesso coletivo. Este Natal não é igual aos outros. Os portugueses, com certeza, que vão perceber que para termos outros natais e outros finais de ano com as nossas famílias precisamos de nos resguardar neste Natal e de seguir as regras e os conselhos da Direção-Geral da Saúde”, afirmou.

Segundo o secretário de Estado, os números da covid-19 em Portugal estão dentro do esperado. “Temos na última semana uma curva decrescente, ainda que com uma incidência e um número de óbitos altos. Era o que esperávamos em função do pico na semana de 20 de novembro. Está dentro daquilo que os nossos técnicos nos têm dito”, afirmou.

Até ao final do ano, Portugal deverá superar os 2100 ventiladores, revelou ainda António Sales.

“Tínhamos 1.142 e praticamente duplicámos a nossa capacidade de resposta de ventilação mecânica. É importante dizer que acompanhámos com o reforço de recursos humanos, porque os ventiladores sozinhos não funcionam. Há cerca de 240 [ventiladores] que ainda estão em avaliação ao nível do serviço de utilização comum, porque não basta chegar, é preciso serem certificados e avaliados para ver se está tudo a funcionar em pleno.”

António Sales visitou ainda a Estrutura de Apoio de Retaguarda distrital, instalada no Seminário de Leiria.

“Estamos a preparados para o pior e a esperar o melhor. Temos cerca de 25 estruturas de retaguarda no país com uma capacidade de cerca de 1600 camas. Essas estruturas têm respondido às necessidades. Se virmos que necessitamos de mais estruturas de retaguarda estaremos em condições de as criar”, afirmou.

Sobre a vinda dos emigrantes durante a época natalícia, António Sales disse esperar deles, aquilo que espera de todos os portugueses: responsabilidade individual.

E reforçou o apelo: “Temos de ter menos gente em casa, espaços arejados, estar com máscara e devidamente distanciados. As famílias têm de perceber que têm de proteger as pessoas mais vulneráveis.”

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.612.297 mortos resultantes de mais de 72,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 5.649 pessoas dos 350.938 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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