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Fenprof: Quase 90% dos professores quer a reforma mais cedo

Colégio Estadual Benedito Joao Cordeiro no Bairro Sitio Cercado, professores falam sobre hora atividade. 29-07-13. Foto: Hedeson Alves

Os professores constituem uma classe envelhecida, já que a maioria dos docentes das escolas portuguesas tem mais de 50 anos, sendo pouco mais de 1% os que têm menos de 35 anos.

Quase 90% dos professores gostaria de se aposentar mais cedo e diz que está a trabalhar mais horas do que as legalmente estabelecidas, segundo um inquérito divulgado na semana em que os docentes realizam uma greve nacional.

Estas são algumas das conclusões do inquérito ‘online’ realizado pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof) ao qual responderam 5.218 educadores e professores do ensino obrigatório de todo o país.

Estes docentes também se pronunciaram sobre o protesto agendado para sexta-feira e a sua posição é clara: 88,3% defendem que é preciso continuar a lutar, segundo os resultados da “Consulta aos professores e educadores em tempo de Covid-19” hoje divulgados.

À pergunta sobre o que fariam se houvesse um regime de pré-reforma, apenas 10,9% diz que não pensa nisso e que só deixará de exercer quando reunir os requisitos legais em vigor.

Todos os outros acreditam que aproveitavam o regime de pré-reforma para abandonar mais cedo a profissão: 54% diz que sai “se as condições permitirem uma aposentação sem qualquer corte” e 35,1% admite que aproveitava “se as condições não forem muito penalizadoras”.

Os professores constituem uma classe envelhecida, já que a maioria dos docentes das escolas portuguesas tem mais de 50 anos, sendo pouco mais de 1% os que têm menos de 35 anos.

Por isso, quase todos (98,2%) consideram que é urgente criar um regime específico que permita a aposentação mais cedo. Apenas 1,4% entende que o tempo de serviço e a idade são os adequados e 0,4% garante que não se importa “se tiver de ficar ainda mais alguns anos ao serviço do que os atualmente fixados”.

Outro dos problemas identificados no inquérito está relacionado com os horários de trabalho, que os professores dizem estar “desajustados”.

A grande maioria garantiu estar a trabalhar mais do que as 35 horas semanais definidas por lei, com apenas um em cada 10 professores a considerar que os horários são “adequados à atividade docente”.

Também no que toca à carreira docente, há quase unanimidade (96,9%) em considerar que existem problemas por resolver, tais como o tempo de serviço que esteve congelado e não conseguiram recuperar ou as vagas.

A carreira docente é composta por 10 escalões, sendo que existem vagas para aceder ao 5.º e 7.º escalões. Para a grande maioria dos professores (87,1%), o regime de vagas deveria ser eliminado.

Os concursos de professores foram outro dos temas abordados, com os inquiridos a defender que se deve manter o modelo atual: concursos de caráter nacional em que a seleção é feita pela graduação profissional dos candidatos.

Os docentes são contra a ideia de serem os diretores a selecionar os professores (apenas 2,6% concorda com este modelo).

Outra das medidas contestadas é a transferência de competências para os municípios, por temerem que abra “a porta à ingerência na vida das escolas, à privatização e provocará ainda maiores assimetrias”.

A Fenprof lembra, em comunicado, que estas são apenas algumas das reivindicações que levam os docentes a fazer uma greve nacional em 11 de dezembro.

“Face ao bloqueio negocial imposto pelo Ministério da Educação, torna-se necessário que a luta prossiga sem adiamentos. Essa é a opinião de 88,3% dos milhares de docentes que participaram na consulta”, revela a Fenprof.

A federação aponta alguns dos problemas que gostaria de discutir com a tutela como “o envelhecimento, a sobrecarga de horário e de trabalho e o desgaste daí resultante, a precariedade ou todas as injustiças que marcam o atual estado da carreira docente”.

O inquérito feito aos docentes no mês passado mostrou ainda que os professores estão preocupados com a insuficiente segurança sanitária que sentem existir nas escolas, “principalmente pelo facto de continuarem a não ser feitos testes” ou por não ser garantido em todas as escolas o distanciamento físico de dois metros entre as pessoas.

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