País
Falta de mão de obra em Portugal já é um “problema grave”
O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) considerou que a falta de mão-de-obra é um problema “grave e endémico”, que não é compensado pelos trabalhadores temporários, lamentando que o Governo esteja afastado desta realidade.
“Quase não se tem falado noutra coisa desde há meses, e não apenas no setor da agricultura: a falta de mão-de-obra é um problema grave e endémico, é um problema transversal a vários setores e regiões”, afirmou Eduardo Oliveira e Sousa.
Apesar de garantir que ainda não é possível quantificar esta escassez, a confederação reiterou que este problema “existe”, acrescentando que até o Governo tem vindo a efetuar protocolos para permitir o acesso a trabalhadores vindos do estrangeiro.
Eduardo Oliveira e Sousa defendeu ainda que os postos consulares “funcionam mal neste aspeto” e não contribuem para a resolução do problema, uma vez que não existe mão-de-obra disponível em Portugal.
Contudo, ressalvou, a título de exemplo, que a embaixada portuguesa na Ucrânia está a funcionar “muito bem nesta questão”.
No dia 09 de novembro, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, defendeu, no parlamento, não ter conhecimento de que exista “necessidade efetiva” de mão-de-obra na agricultura, apesar de alguns casos pontuais, notando ser importante considerar um modelo que inclua a mecanização.
“Nós não temos, através das confederações que acompanhamos, registo de necessidade efetiva de mão-de-obra. A mão-de-obra temporária está a ser distribuída e vai servindo para equilibrar as necessidades entre regiões”, apontou, na altura, Maria do Céu Antunes, em resposta aos deputados, na Comissão de Agricultura e Mar.
Contudo, a governante ressalvou que, em determinadas zonas, existem necessidades pontuais, por exemplo, para a apanha da castanha.
A ministra sublinhou que existem “poucas atividades mecanizadas”, defendendo assim ser necessário incentivar um modelo sustentável que equilibre a utilização de mão-de-obra com a mecanização.
Para a CAP, estas afirmações revelam, “mais uma vez”, que a ministra está afastada da realidade do que se passa no território.
“Ou está mal informada ou alheada do que se vem falando há meses seguidos”, notou.
O presidente da CAP vincou ainda que a mão-de-obra temporária “é importante”, sobretudo para a época de colheitas, mas ressalvou que esta não tem “sido suficiente” para resolver o problema, “até por alguns preconceitos de natureza ideológica que se colocam nestes processos”.
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