País
Greve no INEM pode ter estado ligada à morte de idoso na Guarda
A falta de assistência médica avançada poderá estar na origem da morte de um homem de 73 anos, ocorrida esta quarta-feira de madrugada, em Castelo Melhor, concelho de Foz Côa, no distrito da Guarda.
“A falta de suporte de vida originada pela inoperacionalidade da ambulância SIV de Foz Côa [devido à greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar], aliada ao facto da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) estacionada na Guarda não chegar em tempo útil ao local do acidente, impediu a vítima de ter acesso a cuidados de emergência médica avançados”, disse o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Rui Lázaro.
A mesma fonte referiu que “a diferença de formação e competências [das tripulações] das ambulâncias dos parceiros e das ambulâncias do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) não contribuíram para que a vítima tivesse acesso a cuidados médicos diferenciados”.
O comandante dos bombeiros de Foz Côa, Rui Ramalho, disse ter recebido um alerta via Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), à 1.36 horas, para um acidente doméstico que ocorreu em Castelo Melhor.
“A ambulância SIV estacionada em Foz Côa também foi acionada, só que não compareceu devido à greve” dos técnicos de emergência pré-hospitalar ao trabalho extraordinário, afirmou.
De acordo com o comandante, foi acionada a ambulância do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) integrada no Posto de Emergência Médica (PEM) do INEM, estacionada no quartel dos bombeiros de Foz Côa.
“Os nossos operacionais deslocaram-se ao local, tendo verificado que se tratava de uma queda da cama de um homem de 73 anos”, frisou Rui Ramalho.
De acordo com o comandante, “de imediato foram efetuadas manobras de reanimação durante cerca de 45 minutos até à chegada ao Serviço de Urgência Básica (SUB) de Foz Côa, onde as manobras foram continuadas, no entanto não surtiram efeito e foi decretado o óbito por um dos médicos de serviço”.
A ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) de Vila Nova de Foz Côa esteve parada desde as 20 horas de terça-feira até às 8 horas, devido à greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar.
“Este é um efeito direto da greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar ao trabalho extraordinário, que é sem termo, até que haja uma resposta do Governo”, referiu na terça-feira o sindicalista Rui Lázaro.
Os técnicos de emergência pré-hospitalar iniciaram às 00:00 de terça-feira uma greve ao trabalho suplementar, por tempo indeterminado, a exigir medidas para tornar a carreira mais atrativa.
“Dada a elevada adesão dos técnicos de emergência pré-hospitalar, é pela primeira vez, em 10 anos, que a ambulância SIV de Vila Nova de Foz Côa fica parada”, indicou o dirigente sindical.
A ambulância SIV estacionada na SUB do Centro de Saúde de Foz Côa serve seis concelhos, entre os quais Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, e Foz Côa, Meda e Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda, a que se junta o concelho de São João da Pesqueira, já no distrito de Viseu.
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