Resposta dos cuidados intensivos é decisiva para evolução da mortalidade. Quase 90% das mortes são acima dos 70 anos
Ocrescimento da epidemia para um número de casos diários três vezes acima do pico da primeira onda explica o aumento dos óbitos que se tem verificado nas últimas semanas. Não é que o vírus esteja agora a provocar doença mais grave, a tornar-se mais letal ou que o país esteja a falhar na proteção dos mais idosos.
O aumento acontece apenas porque o vírus se disseminou de tal forma que atingiu um maior número de pessoas, incluindo as que são mais vulneráveis devido à idade e a outras doenças, engrossando assim o número de internados nos hospitais. O número de novos casos tenderá ainda a crescer até ao final deste mês e por isso é expectável que haja um aumento dos óbitos, tal como tem estado a acontecer noutros países europeus.
As projeções feitas pela equipa de especialistas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) apontam para a possibilidade de se registar cerca de 70 óbitos por dia, em média, na segunda semana de dezembro. “Estas previsões são revistas regularmente e pressupõem que se mantém a tendência atual de incidência e as características dos internados, ou seja, a mesma distribuição por idades e grupos de risco”, explica Manuel Carmo Gomes, professor de Epidemiologia da FCUL e um dos peritos ouvidos pelo Governo. “Há um fator que pode desestabilizar as projeções: se houver falta de camas de cuidados intensivos, a letalidade, que agora está abaixo de 2%, vai começar a subir e os óbitos darão um salto. As unidades de cuidados intensivos são o elo mais fraco de toda a cadeia.”