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Mais pobres vão sofrer com o frio do Inverno e podem perder-se vidas alerta o porta-voz das Nações Unidas

Close-up of dirty hands of beggar. Problems of homeless person in the city concept

Numa mensagem marcante do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, Olivier De Schutter, das Nações Unidas, advertiu que “perder-se-ão vidas”, a menos que os governos associem salários e benefícios sociais à inflação.

É uma mensagem que é particularmente relevante para Portugal na medida em que não foi demonstrada qualquer intenção de ligar salários e benefícios à inflação – enquanto os dados mostram que o número de pessoas no limiar da pobreza está a crescer.

O consenso geral é que a pobreza em Portugal tem sido exacerbada pela Covid-19 e pela guerra na Ucrânia.

Dados divulgados pela Pordata mostram que “quase metade da população” – ou 4,4 milhões de cidadãos – são afectados pela pobreza.

“É preciso voltar a 2014 – ano em que terminou a 3ª intervenção da Troika no nosso país, para encontrar um número tão expressivo como o número atual de pessoas em risco de pobreza e exclusão social” diz a base de dados, citada numa reportagem da SIC.

Enquanto Olivier De Schutter defende uma “ação imediata” para evitar o que poderia evoluir rapidamente para um desastre humanitário, governos como o de Portugal estão a concentrar-se muito mais no “equilíbrio orçamental”/ redução da dívida pública/boa economia.

A Ordem dos Nutricionistas já destacou os perigos que daqui poderão advir – pedindo para que o IVA seja eliminado em “itens essenciais” tais como “pão, arroz, massa, legumes verdes, fruta, leite, iogurte, queijo, carne, peixe, ovos, leguminosas, leguminosas, manteiga e azeite”.

Como a presidente da Ordem Alexandra Bento salientou durante o fim-de-semana, não se deve esperar que as famílias com adolescentes e crianças em crescimento “apertem os cintos” ao ponto de os corpos em desenvolvimento serem privados de uma nutrição adequada.

“Os orçamentos familiares estão a ser esticados para além do ponto de ruptura”, concorda De Schutter que acredita que isto significa que “ainda mais pessoas na pobreza morrerão à fome ou congelarão este Inverno, a menos que sejam tomadas medidas imediatas para aumentar os seus rendimentos”.

As crises combinadas (causadas pelo Covid-19 e agora a guerra) deverão lançar mais 75 a 95 milhões de pessoas na pobreza extrema só este ano, disse ele – enquanto o panorama de Portugal – como um país dito desenvolvido dentro da Europa – é terrível.

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