Num discurso de onze minutos, na cerimónia comemorativa dos 112 anos da Implantação da República, na Praça do Município, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa falou dos governos que “tendem quase sempre a ver-se como eternos” e das oposições “quase sempre a exasperarem-se pela espera”, afirmando em seguida que “nada é eterno” e que “a democracia é por natureza o domínio da alternativa, própria ou alheia”.
“Sabemos como erros, omissões, incompetências, ineficácias da democracia a fragilizam e a matam. Sabemos como começam as ditaduras, o que são e o que duram, e como é difícil recriar a democracia depois delas”, declarou.
“E porque temos e sabemos hoje o que não tínhamos e sabíamos em 1922, sabemos que existe caminho para todos nós dentro da democracia. E que só depende de nós, mesmo num mundo em pós-pandemia e em guerra, não apenas sermos muito diferentes de Portugal de 1922, mas sermos cada dia que passa melhores do que somos e cada vez melhores no futuro”, prosseguiu o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa, que discursou depois do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, apontou as “insatisfações, indignações, exigências de muito mais e melhor” referidas por Carlos Moedas como “sinal da força da democracia”.
“É algo que é impossível em ditaduras, onde há verdades únicas e só um ou alguns seus proprietários. É saudável a exigência crítica. Porque em democracia cabe a todos fazê-la avançar, não estagnar ou recuar. Por isso nós em democracia por definição nunca nos resignamos”, defendeu.
O Presidente da República acrescentou que “há sempre em democracia mais realidades, mais soluções, mais energias de mudança do que aquelas que parecem existir em cada instante” e é isso que se celebra neste 05 de Outubro, “por feliz coincidência, dia dos professores, da educação e do futuro”.
“Celebramos a liberdade, celebramos a democracia, celebramos a República. Celebramos três realidades que assim não existiam em 1922. E são as três que nos dão a certeza de que há nunca fim da história. É nossa, de todos nós, a missão de construirmos e reconstruirmos essa história, dia após dia, a pensar nos portugueses”, concluiu, exclamando “viva a República, viva a democracia, viva a liberdade, viva Portugal”.