A PSP anunciou hoje que os quatro detidos na quinta-feira pertenciam ao “núcleo duro” de um grupo organizado indiciado por furto de 70 viaturas na Área Metropolitana do Porto, com tecnologia sofisticada, que terá lucrado “muitos milhões de euros”.
“Conseguimos deter quatro indivíduos, porque era importante suster este fenómeno e, portanto, todos os indivíduos ligados a este grupo organizado que se dedicam ao furto de viaturas – estamos a falar dos operacionais que faziam o furto – foram detidos”, declarou o intendente do Departamento de Investigação Criminal (DIC) do Porto, Rui Mendes, em conferência de imprensa, referindo-se à operação que decorreu na quinta-feira, na Área Metropolitana do Porto, Braga e Aveiro.
Rui Mendes disse que foram também identificadas “várias pessoas ligadas a ‘stands’ e a oficinas relacionadas com a reparação de viaturas, tendo sido constituídas arguidas três.
“Na operação policial desta quinta-feira foi apreendida uma grande quantidade de peças oriundas do desmantelamento de viaturas e uma grande quantidade de material eletrónico muito sofisticado, e que serve para desbloquear a viatura e criar uma segunda chave branca dessas viaturas”, explicou Rui Mendes, referindo que bastavam “dois ou três minutos” para furtar uma viatura.
Segundo o intendente, esta investigação foi “importante” pelo nível de intensidade que estes detidos tinham.
A organização terá lucrado com a atividade ilícita “muitos milhões de euros”, mas Rui Mendes escusou-se a especificar os valores concretos.
“Conseguimos recolher provas (…) para cerca de 70 furtos de veículos automóveis, embora ontem [quinta-feira], durante a operação, conseguíssemos recuperar 10 automóveis e durante a investigação recuperámos mais 22 viaturas. Na realidade, este grupo está indiciado por cerca de 70 furtos de viaturas”, disse Rui Mendes.
A investigação, que começou em janeiro, foi feita no âmbito do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Valongo, em que a polícia investigou diversos crimes, como “furto de viaturas”, “falsificação de documentos”, porque os suspeitos falsificavam chapas de matrícula, e a sua “posterior recetação”, explicou o intendente.
O volume de peças apreendido é “muito elevado” e as mesmas pertencem a veículos de marcas como BMW, Mercedes e Renault, entre outras.
Os quatro suspeitos eram conhecidos de outras situações relacionadas com furto de veículos, inclusivamente um dos detidos, de 55 anos, tem uma pena de oito anos para cumprir e estava fugido à justiça.
Das 70 viaturas furtadas pelo grupo, a PSP conseguiu recuperar um total de 33 não desmanteladas (10 na quinta-feira e 22 ao longo da investigação).
“A atividade criminosa era tão intensa por parte deste grupo – muitas vezes até durante o próprio dia faziam vários furtos de viaturas – que certamente estaremos a falar de mais viaturas para além daquelas que conseguimos reunir prova”, concluiu.
Questionado pelos jornalistas sobre onde eram furtados os automóveis, Rui Mendes explicou que eram essencialmente na “Área Metropolitana do Porto”.
Nesta região, explicou, furtavam várias viaturas por dia, de várias marcas, e depois a recetação e posterior desmantelamento para venda abrangia uma área mais vasta, que era em “praticamente toda a zona Norte”.
Este grupo, para além de muito intenso, usava muita tecnologia, tanto ao nível do desbloqueamento das fechaduras, como do furto das viaturas.
A forma como punham o carro em funcionamento, ligando ao “cérebro do próprio carro”, com um sistema informático que desbloqueia o próprio carro, e que produzia, inclusivamente, uma segunda chave de emergência do próprio carro, que lhes permitia remover o carro para o sítio que pretendessem.