Desporto
Ciclista Francisco Campos desmente Efapel e assegura estar “limpo”
O ciclista Francisco Campos desmentiu hoje ter assumido perante o diretor desportivo da Efapel uma violação do regulamento interno da equipa, garantindo estar “limpo de qualquer substância ilícita” e de “consciência tranquila”.
“O diretor desportivo da Efapel, José Azevedo, mencionou que não cumpri o regulamento interno da equipa e que confessei não o ter cumprido. Fui, de facto, um dos elementos alvo de rusga por parte da Polícia Judiciária e fui constituído arguido, no entanto, desminto que tenha confessado que comuniquei ao diretor Azevedo que não cumpri o regulamento interno. Nenhum elemento das rusgas encontrou qualquer tipo de substância ilícita em minha casa, porque não as utilizo, nem nunca utilizei”, esclareceu o corredor de 24 anos, em comunicado enviado à agência Lusa.
Segundo Francisco Campos, nas buscas realizadas na terça-feira pela Polícia Judiciária (PJ), “o único achado foi material médico selado pertencente à família da casa” onde reside.
“Estou de consciência tranquila em relação a qualquer acusação feita, uma vez que fui controlado regularmente pela ADoP [Autoridade Antidopagem de Portugal] e WADA [Agência Mundial Antidopagem], sem nunca ter qualquer alteração nas análises feitas”, indicou.
Para além disso, de acordo com Campos, a própria equipa controlava os ciclistas “quinzenalmente” e o diretor desportivo da Efapel sabia que “estava e sempre” esteve “limpo de qualquer substância ilícita”.
“Lamento a atitude vinda do líder da equipa da Efapel, que não se inteirou dos factos, utilizou uma linguagem duvidosa e insinua suspeitas de algo que não corresponde à realidade. José Azevedo não me quis ouvir e trouxe o meu nome para a comunicação social, causando-me danos pessoais e profissionais”, acusou.
O corredor disse ainda estar “tranquilo em relação a esta situação” e acreditar que “a justiça será feita”.
A PJ realizou na terça-feira buscas “em locais ligados a equipas de ciclismo” no âmbito da operação ‘Prova Limpa’, confirmou à Lusa fonte ligada à investigação, esclarecendo que o objetivo “principal foi a recolha de prova, nomeadamente documentação”.
A mesma fonte detalhou que a PJ “realizou buscas em vários pontos do país, em simultâneo, em locais ligados a equipas de ciclismo, no âmbito da operação ‘Prova Limpa’”, tendo estas “como objetivo principal a recolha de prova, nomeadamente de documentação e não a detenção de qualquer suspeito”.
As buscas aconteceram a dois dias do arranque da 83.ª Volta a Portugal em bicicleta, que estará na estrada entre quinta-feira e 15 de agosto.
Na terça-feira, José Azevedo disse à Lusa que Francisco Campos tinhado deixado de fazer parte da equipa.
“Da parte da manhã, o Francisco Campos telefonou-me a dizer que teve uma visita da Polícia Judiciária, que fizeram uma rusga à sua casa, e que foi constituído arguido. Explicou-me o que é que o levou a ser constituído arguido – eu não vou divulgar isso porque acho que é algo privado e diz-lhe respeito a ele”, começou por dizer o diretor desportivo da Efapel.
Depois de ouvir as explicações do ciclista, que estava entre os sete selecionados para alinhar na 83.ª Volta a Portugal, que arranca na quinta-feira, José Azevedo optou pela rescisão automática do contrato do jovem de 24 anos, que representou a W52-FC Porto entre 2019 e 2021.
“Nesta equipa, há um código interno que eu, desde o início do projeto, expliquei aos corredores, e do qual não nos movemos, não cedemos, nem admitimos. Por incumprimento dessas regras internas da equipa, eu, depois de ouvir as explicações do Francisco, ele estava para fazer a Volta a Portugal e foi imediatamente substituído, imediatamente a sua atividade dentro da equipa Efapel foi suspensa, e deixará de fazer parte deste projeto”, revelou.
No final de abril, 10 corredores da W52-FC Porto foram constituídos arguidos e o diretor desportivo da equipa, Nuno Ribeiro, foi mesmo detido, assim como o seu adjunto, José Rodrigues, no decurso da operação ‘Prova Limpa’, a cargo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto.
“A operação policial, envolvendo um total de cerca de 120 elementos provenientes da Diretoria do Norte e ainda das Diretorias do Centro e do Sul, da Unidade Nacional de Combate à Corrupção e dos Departamentos de Investigação Criminal de Braga, Vila Real e Guarda, contou ainda com a colaboração da ADoP”, detalhou a PJ, em 24 de abril, indicando que durante a mesma “foram apreendidas diversas substâncias e instrumentos clínicos, usados no treino dos atletas e com impacto no seu rendimento desportivo”.
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