O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu, sexta-feira, que Portugal não deve racionar o gás, como defende a União Europeia, porque essa medida em nada poderia ajudar os outros países.
“Não pode ser Portugal e Espanha serem solidários, colaborando, sacrificando os seus nacionais, quando aquilo que poderiam dar de gás não é utilizado por outros países europeus, porque não há a possibilidade de conexão com esses países”, referiu o Chefe do Estado em declarações aos jornalistas.
A Comissão Europeia apresentou, na quarta-feira, um plano europeu de redução do consumo de gás na União Europeia de 15% até à primavera, quando se teme corte no fornecimento russo, admitindo avançar com redução obrigatória da procura perante alerta.
Na quinta-feira, o ministro do Ambiente reiterou a recusa da proposta da Comissão Europeia e contrapôs que Portugal entende que esta questão deve ser negociada em Conselho Europeu.
Falando à margem de uma iniciativa em que participou, em Fafe, no distrito de Braga, que assinalou os 48 anos de democracia em Portugal, o Presidente da República lembrou: “O problema [do gás] é muito simples, como, aliás, o Governo tem afirmado. É perfeitamente compreensível que nós estivéssemos na disposição de racionar gás, quando nós temos gás, se isso servisse para algum interesse, alguma necessidade europeia”.
Contudo, prosseguiu, “Portugal e a Espanha têm tentado defender a interconexão, isto é, a saída do gás de Portugal e de Espanha para França e para o resto da Europa e não tem sido permitido isso até agora”.
Marcelo recordou que tem havido várias promessas “vagas” de o gás sair da Península Ibérica para outros destinos, como “uma boa ideia, mas que é para ser construída, que seria um gasoduto que ligasse a Espanha a Itália e por aí ligasse a outros países”.