A greve dos trabalhadores ferroviários levou hoje à supressão de 299 comboios dos 413 programados (72,4%) entre as 00:00 e as 10:00, segundo dados da CP – Comboios de Portugal enviados à Lusa.
De acordo com a empresa, a supressão nos comboios de longo curso é de 100%, ou seja, nenhum dos 25 programados se realizou.
Quanto aos comboios regionais, dos 104 programados, foram suprimidos 75 e realizados 29.
Nos urbanos de Lisboa estavam programados 188 e foram suprimidos 137. Já nos comboios urbanos do Porto foram suprimidos 53 dos 85 programados.
Contactado pela Lusa hoje de manhã, o coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, adiantou à Lusa que às 07:30 estava a registar-se uma forte adesão dos trabalhadores à greve, estando a ser realizados apenas os serviços mínimos.
“O primeiro balanço é muito positivo. Temos uma adesão forte entre as 00:00 e até às 07:30 verificando-se perturbações na circulação. As bilheteiras das estações estão encerradas”, disse.
De acordo com José Manuel Oliveira, a expectativa para o resto do dia, uma vez que há serviços com horários diversos, é elevada.
Os trabalhadores da CP cumprem hoje um dia de greve, que se repete na quarta-feira, convocada por diversos sindicatos.
O Tribunal Arbitral decretou serviços mínimos de 20% para os comboios urbanos e regionais.
A decisão do Tribunal Arbitral abrange, na percentagem referida, o serviço Regional e Interregional (linhas do Minho, Douro, Leste, Oeste, Beira Baixa e linha do Norte – neste último caso de e para Coimbra/Entroncamento) e o Urbano (linhas da Azambuja, Coimbra e Guimarães).
“Aos clientes que já tenham bilhetes adquiridos para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Internacional, Interregional e Regional, a CP permitirá o reembolso, no valor total do bilhete adquirido, ou a sua troca gratuita para outro comboio da mesma categoria e na mesma classe”, adiantou a CP em comunicado.
Estes trabalhadores já estiveram em greve no dia 28 de junho.
Para os sindicatos, “é inaceitável” que a administração da CP, depois de ter garantido que iria estender a todos os trabalhadores um acordo que foi celebrado com uma organização sindical, queira condicionar isso à aceitação da proposta de regulamento de carreiras.
O Governo, a CP e o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), que tinha convocado uma greve entre 27 de junho e 14 de julho, que foi suspensa, chegaram, recentemente, a acordo.
A operadora chegou também a acordo com o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) quanto à revisão das carreiras, incluindo um aumento salarial de 1,5% e a subida do subsídio de refeição para 9,20 euros.
A Fectrans defendeu que a proposta “aumenta a polivalência de funções e não valoriza a grelha salarial”, o que disse ser uma “medida estratégica” para recrutar novos trabalhadores e manter os atuais.