A melhoria da capacidade formativa do país é essencial para dar resposta à falta de médicos em especialidades como ginecologia e obstetrícia, mas recrutar e formar especialistas no estrangeiro também está em cima da mesa, admitiu hoje o Governo.
“A questão da melhoria das capacidades formativas é essencial. E depois há outras soluções. Nós não descuramos a hipótese de contratação de médicos no estrangeiro e se tivermos efetivas dificuldades na formação de especialistas cá, equacionar a sua formação noutros países”, disse hoje a ministra da Saúde, Marta Temido, em conferência de imprensa no Ministério da Saúde, em Lisboa.
Ainda sobre a possibilidade de recrutar e formar no estrangeiro, a ministra adiantou que há contactos estabelecidos.
“Estamos a fazer alguns contactos – não é nenhum segredo, não é nenhuma reserva – com alguns países no sentido de perceber como é que podemos enfrentar com recursos externos problemas que são problemas do sistema. No passado isso já foi feito em situações específicas e concretas”, disse.
Em Portugal admitiu estar a discutir com a Ordem dos Médicos o aumento da capacidade formativa no país.
“Compete ao Governo com o parecer da Ordem dos Médicos fixá-las e iremos trabalhar conjuntamente no sentido de as alargar o máximo possível, pese embora sabermos que no último concurso para especialistas houve vagas que não ficaram preenchidas. Portanto, temos também um problema de atratividade do trabalho médico, que não é só no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, disse, recusando entrar “em discussões” sobre se o país tem “médicos a mais ou médicos a menos”.
Lembrou, no entanto, declarações recentes do bastonário Miguel Guimarães a apontar a falta de 5.500 profissionais no país e a propósito do caso concreto do hospital de Braga, onde não foi possível ocupar todos os lugares deixados vagos por aposentações, referiu que o défice entre necessidades para preencher escalas e quadros de pessoal e o número de médicos efetivamente formados conduzem a uma “quadratura do círculo que se revela impossível”.
Simultaneamente, e associado a esta questão, a ministra destacou a necessidade de “contrariar o fenómeno de dependência” do SNS de empresas prestadoras de serviços.
“Isso também é uma entorse que tem que ser corrigida”, disse Marta Temido, acrescentando que há “mecanismos de relacionamento” que têm que ser analisados.