Um ‘drone’ que combate incêndios com uma mangueira de um autotanque foi, esta quarta-feira, apresentado na Lousã, mas os coordenadores do projeto admitiram que o protótipo ainda terá um caminho a percorrer até se tornar viável.
O projeto, denominado SAP (sistema de agulheta portante), arrancou em 2019, com financiamento europeu, e agregou num consórcio três empresas e a Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) da Universidade de Coimbra.
Ao longo de quatro anos, o consórcio, liderado pela Jacinto, empresa de Esmoriz dedicada à produção de veículos de combate a incêndios, procurou desenvolver um ‘drone’ que pudesse atuar em contexto de combate a incêndios florestais, quando o foco destas aeronaves não tripuladas tem sido a prevenção e deteção de fogos, aclarou o coordenador, Jacinto Oliveira.
O ‘drone’ carrega uma mangueira ligada a um autotanque, com o próprio jato de água a contribuir para a aeronave manter-se no ar, e permite realizar o combate às chamas “à distância”, através de comando de um operador, ou até assegurar o rescaldo numa área predefinida e, nesse caso, fazê-lo de “forma autónoma”, de forma a poupar os bombeiros, que, nessa fase, “estão mais cansados”, explicou o sócio-gerente da Jacinto, durante a apresentação do SAP, que decorreu nas instalações da ADAI.
No entanto, ao longo do projeto, a equipa considerou que o ‘drone’, com algumas limitações em contexto rural, face ao declive e à vegetação, poderá ter uma maior aplicação em incêndios urbanos, nomeadamente no combate em prédios ou em infraestruturas industriais, salientou.
Nesse sentido, Jacinto Oliveira considerou que ainda há um caminho a percorrer até tornar o projeto viável, nomeadamente na adaptação da agulheta para um contexto de incêndios urbanos.
“É preciso desenvolver uma agulheta horizontal [o ‘drone’, neste momento’ só consegue direcionar a água na vertical]. Talvez mais ano e meio e um valor de 50 a 60 mil euros seja o suficiente para fazer essa pequena adaptação, porque a base já está feita”, esclareceu.
Segundo o responsável, o sistema poderá ser vendido, quando validado, por 25 a 30 mil euros.
Salientou igualmente que o valor poderia ser “esmagado” caso houvesse uma industrialização do produto.
Também o investigador sénior da ADAI, Carlos Viegas, admitiu algumas limitações do projeto e considerou que “há um longo caminho a percorrer”.
Apesar disso, foi já possível avançar com processo internacional de patente para dois sistemas desenvolvidos para este drone, que, ao contrário, de outros protótipos, é mais leve e menos complexo de operar.
“É uma prova de conceito e vai levar trabalho para ser um produto que possa ser comercializado, mas já foi feito um caminho importante nesse sentido”, salientou Carlos Viegas.
No final da apresentação do projeto, o ‘drone’ foi testado num ambiente controlado no Aeródromo Municipal da Lousã e apagou um pequeno incêndio.