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“Vício” das raspadinhas afeta pessoas mais desfavorecidas. Portugueses jogam mais do dobro do resto da Europa

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O presidente do Conselho Económico e Social (CES) apontou hoje “responsabilidades públicas” ao vicio da raspadinha e manifestou expetativa de que sejam tomadas decisões para minimizar a situação após o estudo que será feito sobre o problema

“Aqui há responsabilidades públicas (…) e é preciso pôr a ciência a trabalhar nisto”, disse Francisco Assis, falando das consequências sócio económicas do vicio da raspadinha, na apresentação do Estudo “Quem Paga a Raspadinha”, que o CES promove em parceria com a Universidade do Minho.

Segundo o presidente do CES, o objetivo da investigação não é procurar um conjunto de patologias para impor uma cura, mas sim dar a conhecer, nomeadamente às entidades públicas, o que leva ao excessivo consumo do jogo, sobretudo pela camadas mais frágeis da sociedade.

“Este estudo vai ser feito com total independência e tudo isto pode ser desmentido. Mas se se concluir que se trata de uma situação de saúde mental, é preciso ser divulgado (…) e tenho a expectativa de que algumas decisões sejam tomadas”, disse.

Francisco Assis afirmou que as conclusões do estudo serão divulgadas em primeiro lugar ao Governo e depois ao Presidente da República, aos grupos parlamentares e ao país.

O CES vai avançar com o estudo sobre o vício da raspadinha tendo assinado hoje um protocolo de cooperação com os responsáveis pela investigação e as quatro entidades financiadoras do projeto.

O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Francisco Assis, tinha manifestado há mais de um ano a intenção de promover o estudo, mas a pandemia da covid-19 e a falta de meios financeiros foram adiando a sua concretização.

Com a assinatura do protocolo de cooperação entre o CES, a Universidade do Minho, a Apifarma, a Fundação Mestre Casais, a Fundação Manuel António da Mota e a Fundação Social Bancária, estão reunidas as condições para iniciar o projeto.

A apresentação dos objetivos e metodologia do estudo “Quem Paga a Raspadinha” foi feita por Pedro Morgado e Luís Aguiar-Conraria, que vão coordenar a equipa multidisciplinar da Universidade do Minho.

O estudo será desenvolvido em três fases, destinando-se a primeira a fazer a caracterização sócio-económica de quem joga raspadinha, através de um inquérito a toda a população, com base numa amostra de 2.000 pessoas.

A segunda e a terceira fases do estudo focam-se nas pessoas que jogam a raspadinha e usam métodos diferentes para chegar a um diagnóstico, nomeadamente fazendo ressonâncias magnéticas às pessoas com processos complexos de dependência.

Todas as entidades signatárias do protocolo elogiaram o objetivo do estudo, justificando o seu apoio, e Rui Pedroto, da Fundação António Manuel da Mota, aproveitou a oportunidade para criticar a “publicidade de mau gosto” da Santa Casa da Misericórdia, detentora dos jogos.

Francisco Assis falou da ideia deste estudo após o anúncio da criação de uma nova raspadinha para financiar a recuperação do património cultural, dado que vários investigadores alertaram para as consequências negativas deste tipo de jogo, com um alto grau de adição por ser um jogo acessível, fácil de jogar, barato e ter um resultado instantâneo.

Segundo o CES, existem indícios de uma maior prevalência junto das classes mais desfavorecidas e das camadas mais frágeis da sociedade.

Em 2018, os portugueses gastaram perto de 1,6 mil milhões de euros em raspadinhas – 4,4 milhões por dia — o que equivale a 160 euros por pessoa.

No mesmo ano, em Espanha foram gastos cerca de 600 milhões, o que representa cerca de 14 euros por pessoa.

Portugal é o país da Europa com maior gasto per capita em raspadinhas, o que representa mais do dobro da média europeia.

Em 2019, a receita com a raspadinha cresceu 7,8% face ao ano anterior, atingindo 1.718 milhões de euros.

A raspadinha representa mais de 50% da receita de Jogo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que também vai colaborar no estudo.

Francisco Assis foi eleito presidente do CES pela primeira vez em 10 julho de 2020 e reeleito pelos deputados da Assembleia da República a 29 de abril, tendo desde o início defendido um papel mais ativo deste Conselho na produção de estudos relacionados com temas que carecem de debate na sociedade.

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