A Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal, detida pela Galp, advertiu hoje que o corte na compra de produtos petrolíferos à Rússia, que considerou uma decisão “precipitada” da administração, “poderá levar a racionamento de combustíveis”.
“Se o encerramento da Refinaria do Porto foi o primeiro episódio, o segundo foi a precipitação da tomada de posição sobre o corte na compra de produtos petrolíferos à Rússia”, apontou a CCT, em comunicado enviado às redações, em reação às declarações do presidente executivo (CEO) da Galp, que anunciou, na quarta-feira, que a produção de ‘diesel’ na refinaria de Sines pode ser afetada em maio, se não forem encontradas alternativas que garantam o fornecimento de gasóleo de vácuo, que a empresa comprava à Rússia, mas deixou de o fazer após a invasão da Ucrânia.
“Agora, não há forma de garantir o abastecimento, o que poderá levar a racionamento de combustíveis, caso a guerra se prolongue”, alertou aquela estrutura, que tem vindo a criticar o encerramento da refinaria de Leça da Palmeira, em Matosinhos, distrito do Porto, que, segundo a organização de trabalhadores, produzia um milhão de toneladas de gasóleo de vácuo por ano para alimentar a refinaria de Sines.
A CCT frisou que “não há alternativa ao gasóleo de vácuo russo”, que é refinado para produzir ‘diesel’, o que “levará à quebra da produção na refinaria de Sines e à redução da capacidade produtiva daquela instalação industrial, logo do país”.
“Há uma sequência de decisões tremendas que prejudicaram e continuam a ser lesivas em face do seu potencial destrutivo para a empresa e para o país, todas com a chancela do Governo e torna ainda mais urgente o controlo público”, rematou a CCT.
O presidente executivo da Galp alertou, na quarta-feira, que a atividade na refinaria de Sines poderá ter de ser reduzida já em maio, uma vez que ainda foi encontrada uma alternativa ao gasóleo de vácuo russo.
Andy Brown lembrou que a Galp deixou de importar matéria-prima da Rússia, após a invasão da Ucrânia, incluindo gasóleo de vácuo, que é refinado em ‘diesel’ em Sines, e que ainda não encontrou alternativa capaz de garantir as necessidades para o mês de maio, o que pode afetar a produção naquela refinaria.
O gestor garantiu que não há razão para alarme, uma vez que as necessidades de combustível em Portugal estão asseguradas, mas admitiu que pode levar à diminuição temporária da produção da refinaria de Sines e das exportações.
Assim, segundo o responsável, a empresa tem estado a trabalhar com o Governo para diversificar as fontes de matéria-prima.