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Cabaz de alimentos custa mais 40 euros do que há dois anos e há produtos que subiram até 134%

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Este ano a Páscoa dos portugueses estará um pouco mais cara do que no ano passado, mas representará um ‘peso’ na carteira mais considerável se olharmos ao preço dos produtos alimentares há cerca de dois anos, antes do início da guerra na Ucrânia.

É o que revela uma análise da Executive Digest a um cabaz de 46 produtos alimentares, normalmente usados nos almoços de família da Páscoa, com dados recolhidos pela DECO/Proteste. Olhando ao conjunto de produtos, o cabaz considerado, que inclui produtos como massa, ovos, arroz, açúcar, farinha, chocolate, azeite, queijo, bacalhau, salmão, vinhos ou perna de peru, verifica-se que está 40 euros mais caro do que antes da guerra na Ucrânia.

O cabaz considerado custava, na segunda semana de março deste ano 178,13 euros. Há um ano tinha um preço quase dois euros inferior (176,36). Mas, antes do começo da guerra na Ucrânia, o mesmo cabaz custava apenas 137,46 euros. Isto significa que, comparado os preços desta altura com os deste ano, o cabaz de Páscoa aumentou 29,59% de preço.

Segundo os números da DECO/Proteste, que concentrou a análise dos produtos no dia 23 de fevereiro de 2022 (antes do começo da guerra na Ucrânia) e na segunda semana de março (no ano passado e este ano), há produtos que, em pouco mais de dois anos, cresceram de preço em quase 100% (e até mais).

Veja os produtos que mais aumentaram desde o início da guerra na Ucrânia:
Azeite virgem extra – 134,59%, um aumento de 6,26 euros
Pescada fresca – 95,72%, mais 5,77 euros
Cebola – 82,59%, mais 0,87 euros
Laranja – 66,82%, mais 0,71 euros
Carapau – 65,54%, mais 2,18 euros
Polpa de tomate – 60,70%, mais 0,54 euros
Batata vermelha – 58,71%, mais 0,53 euros
Açúcar branco – 58,42, mais 0,65 euros
Arroz carolino – 58,12, mais 0,66 euros
Salmão – 48,27, mais 5,01 euros

São estes os produtos que mais aumentaram de preço no último ano:
Azeite virgem extra – 47,92%, um aumento de 3,53 euros
Carapau – 44,81%, mais 1,70 euros
Pescada fresca – 32,13%, mais 1,87 euros
Laranja – 29,21%, mais 0,40 euros
Alho seco – 23,40%, mais 0,58 euros
Batata vermelha – 10,58%, mais 0,14 euros
Atum posta em óleo vegetal – 10,16%, mais 0,15 euros
Tablete de chocolate -10%, mais 0,18 euros
Farinha para bolos – 9,04%, mais 0,15 euros
Sal grosso – 9%, mais 0,04 euros

Três produtos estão mais baratos
Segundo a análise, há três produtos que, tendo em conta os preços na segunda semana de março, estão mais baratos do que antes da guerra na Ucrânia. Tratam-se da curgete (que ‘encolheu’ e preço em 9,66%, menos 0,84 euros), o óleo alimentar (-11,52%, menos 1,06 euros) e o Vinho Branco (D.O.C.) V.Q.P.R.D. Alentejo (-17,45%, menos 0,48 euros).

Ovos de páscoa com aumentos que chegam a 50%
A DECO/Proteste não acompanha as variações de preços de produtos como as amêndoas de Páscoa ou os tradicionais ovos de chocolate, mas basta olharmos para as prateleiras dos supermercados para perceber que, entre este ano e o ano passado, há aumentos em alguns destes doces de 20%, ou até de 50%.

este aumento deve-se em parte às mudanças climáticas, alertou ‘BBC News, já que a maior parte do chocolate é feita a partir do cacau cultivado na África Ocidental, alvo de uma onda de calor húmida que destruiu as colheitas e fez reduzir enormemente os rendimentos – de acordo com os especialistas, as mudanças climáticas induzidas pelo homem tornaram as ondas de calor extremo 10 vezes mais provável.

Como consequência, alguns dos ovos de chocolate mais populares aumentaram 50% ou mais de preço. A escassez de cacau fez com que os preços disparassem para quase 8.500 dólares por tonelada n semana passada. Os cacaueiros são particularmente vulneráveis ​​às mudanças climáticas, tanto que crescem apenas numa faixa estreita de cerca de 20 graus de latitude ao redor do equador.

A maior parte da produção global está concentrada na África Ocidental. Mas desde fevereiro a região tem sido atingida por condições de seca severa, com temperaturas que ultrapassaram os 40 graus Celsius, quebrando recordes em países como a Costa do Marfim e o Gana. As temperaturas elevadas motivaram o alerta do ‘World Weather Attribuition’, com sede no Imperial College London, que apontou que se tornaram 10 vezes mais prováveis: o estudo apontou que, a menos que o mundo reduza rapidamente o uso de combustíveis fósseis, a África Ocidental experimentará ondas de calor semelhantes a cada dois anos.

Outro fator que impactou as culturas foi o ‘El Niño’, que está ativo desde junho último. Os anos de ‘El Niño’ apresentam frequentemente desafios para os agricultores, mas o aquecimento global está a exacerbar essas mudanças, garantiu Ben Clarke, especialista em condições meteorológicas extremas do Instituto Grantham do Imperial College. “Cada vez mais, as alterações climáticas impulsionadas pela utilização de combustíveis fósseis estão a multiplicar este desafio natural em muitas regiões. Alimentam condições mais extremas, devastam colheitas e aumentam os custos dos alimentos para todos”, resumiu.

A seca não foi o único fator que afetou os produtores de cacau: tanto a Costa do Marfim como o Gana foram atingidos por um duplo golpe climático extremo. Em dezembro de 2023, os dois países sofreram chuvas intensas. A precipitação total na África Ocidental foi mais do dobro da média de 30 anos para esta época do ano. As condições húmidas permitiram que uma infeção fúngica florescesse, apodrecendo os grãos de cacau nas árvores.

O resultado destes diferentes eventos extremos tem sido o mesmo – o preço do cacau mais do que triplicou desde há um ano e duplicou apenas nos últimos três meses.

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