Um estudo levado a cabo pela Faculdade de Motricidade Humana (FMH), da Universidade de Lisboa, concluiu que o confinamento prejudicou as competências motoras das crianças.
Rita Cordovil, coordenadora deste estudo que avaliou crianças entre os seis e os nove anos, refere que os investigadores concluíram que, após o primeiro confinamento (no ano passado), “mesmo as crianças que estavam em percentuais mais altos e, portanto, não estavam tão mal a nível de competência motora, a seguir ao confinamento estavam bastante abaixo do esperado para a idade”.
A competência motora foi avaliada em três grandes grupos de movimentos: estabilizadores ou posturais, movimentos mais locomotores e movimentos mais manipuladores e de interacção com objectos. “O que fazemos são testes como, por exemplo, saltar rapidamente de um lado para o outro sobre uma madeira e ver quantos saltos eles conseguem fazer num determinado tempo, ou ver quão longe conseguem chegar no salto em comprimento ou até lançar bolas o mais longe possível, ou chutá-las”, exemplifica a responsável.
O trabalho avaliou inicialmente (antes do confinamento) 182 crianças e, depois do confinamento, voltou a avaliar 114 delas (50 rapazes e 64 raparigas) de uma escola pública do distrito de Lisboa. Conclui que, independentemente do sexo, o desempenho motor após o confinamento em cinco dos seis exercícios (excepto no caso do salto lateral nos rapazes) foi menor do que antes do confinamento.
A investigadora defende que como “a maior parte das crianças esteve muito tempo em frente aos ecrãs, muito tempo paradas e com poucas saídas à rua”, a solução para inverter esta tendência passa por reforçar as aulas de Educação Física no regresso às escolas e reabrir os parques infantis.