A fronteira de Bemposta, no concelho de Mogadouro, distrito de Bragança, az a ligação do Planalto Mirandês, através da localidade espanhola de Fermoselle, para toda a província de Castela e Leão. Esta é uma das fronteiras que continua fechada, mesmo depois da permissão do Governo a dois novos pontos de passagem – Ponte da Barca e Vinhais.
Tanto portugueses como espanhóis defendem a reabertura da fronteira de Bemposta e alegam qeu não se pode a qualquer custo prejudicar as relações económicas e sociais transfronteiriças.
“Fizemos este protesto simbólico para ver se as nossas reivindicações chegavam aos governos de Portugal e Espanha. Não faz sentido ter esta fronteira fechada, numa altura em que praticamente não há casos covid-19 tanto no concelho de Mogadouro como em Fermoselle”, disse aos jornalistas o presidente da Câmara de Mogadouro, Francisco Guimarães, à margem da concentração que juntou cerca de três dezenas de pessoas.
As populações raianas de Bemposta e Fermoselle juntaram-se ao coro de protesto por entenderem que as relações económicas e sociais saem prejudicadas em ambos os lados da fronteira.
“Os governos de Portugal e Espanha tomam decisões a quente que prejudicam os territórios de baixa densidade populacional. Não é normal que se imponham restrições deste tipo. Isto não Madrid ou Lisboa”, vincou o alcaide de Fermoselle, José Manuel Pilo.
Do lado das populações há um sentimento de revolta tudo porque há pessoas que têm de andar cerca de 80 quilómetros quando o trajeto normal com a fronteira verta de pouco mais de 12 quilómetros.
“Sou de Bemposta e estou casada em Fermoselle. Tenho uma casa em Bemposta e não me posso deslocar para cuidar dos meus bens pessoais ou visitar a minha família. Tenho negócios na raia e por vezes não consigo chegar a horas já que a passagem em Miranda do Douro, que é mais próxima, só está aberta três horas em dois períodos do dia”, lamentou Filomena Silva, proprietária de uma loja de móveis.
Já Carlos Gomes, trabalhador da construção civil, queixou-se dos quilómetros que tem de fazer diariamente para chegar ao seu posto de trabalho em Fermoselle.
“Tenho de andar mais de 60 quilómetros por dia e levantar-me mais cedo, quando em condições normais só tenho de percorrer 12 quilómetros. É muito complicado”, justificou.