Siga-nos nas redes

Economia

Novo Banco prepara despedimento de 1500 trabalhadores

Publicado

em

Defendendo uma renegociação dos objetivos com a Comissão Europeia, os trabalhadores do Novo Banco alertaram esta quarta-feira, no parlamento, que a administração se prepara para uma nova redução de balcões e despedimento de 1500 trabalhadores.

O alerta foi dado por Rui Geraldes, da Comissão Nacional de Trabalhadores do Novo Banco, hoje ouvido na Comissão de Trabalho e Segurança Social, numa audiência que já tinha sido requerida em 2020.https://8b94e781c70a89b3f010e7cf086f49bb.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.htmlPUB

“Para 2021, fruto da atual conjuntura pandémica, será muito difícil atingir objetivos [acordados com a Comissão Europeia], estando previsto, caso os mesmos não sejam renegociados, o encerramento adicional de balcões e despedimento de 1.500 trabalhadores”, disse o responsável.

Segundo Rui Geraldes, o plano de reestruturação do Novo Banco estabelecido com a comissão europeia no final de 2017, prevê a renegociação dos objetivos em caso de contingência de força maior que seja alheia ao controle do banco.

“A administração está a ir mais longe do que os objetivos acordados com a DGComp [direção geral da concorrência da Comissão Europeia], uma vez que estes previam que em 2021 o banco deveria ter 400 balcões e 4.909 trabalhadores, objetivos já atingidos e ultrapassados em 2019”, disse o representante da Comissão Nacional de Trabalhadores, referindo que o Novo Banco tem atualmente 360 balcões e 4.668 trabalhadores no grupo (cerca de 4.350 no banco). 

“Era fundamental que fossem renegociados estes objetivos, tendo em conta que esta pandemia é um facto alheio ao banco e à gestão do banco, a fim de evitar este despedimento e o encerramento de mais balcões”, disse.

Questionado pelos deputados sobre como a administração justifica a necessidade de implementar mais cortes, Rui Geraldes afirmou que “muito recentemente” o presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, informou os trabalhadores de “que está a ser desenhado um Novo Banco de futuro”.

“[Este], de acordo com o mesmo, terá que ser muito mais pequeno e com menos pessoas, uma vez que o banco tem que ter em linha de conta as alterações correspondentes do mercado tais como passivos não remunerados, ou seja, as baixas taxas de juro, a digitalização crescente, o não aumento de comissões e a tudo isto acresce o contexto covid, que terá consequências profundas no desenvolvimento da atividade e no comportamento dos consumidores”, disse.

Estas são, segundo Rui Geraldes, as razões que a administração está a invocar para continuar a reduzir postos de trabalho e a preparar “mais um plano de reestruturação impiedoso, que poderá culminar com mais um processo de rescisões pouco ou nada amigáveis, ou até mesmo como um despedimento coletivo”.

“A nossa perceção é que infelizmente a grande preocupação do banco não é com os trabalhadores, mas sim com a rentabilidade que quer dar aos acionistas norte-americanos, a grande preocupação parece ser efetivamente com que o banco se torne uma noiva atraente”, disse.

Ouvido no parlamento, o representante dos trabalhadores lamenta que ao longo de seis anos o Novo Banco tenha vivido “em reestruturações permanentes, sendo que o método aplicado passou sempre por fechar balcões, dispensar trabalhadores”.

“Essas reestruturações não se têm mostrado eficazes, pois os prejuízos cada vez são maiores, o negócio mais reduzido e os contribuintes é que são sempre os sacrificados”, disse. 

Segundo os dados apresentados, foram já encerrados 314 balcões e reduzidos 3.229 trabalhadores.

“Parece que nos vai ser apresentado mais uma vez um plano de reestruturação novamente sustentado na redução de custos feito à custa da redução sistemática das condições dos trabalhadores e redução dos postos de trabalho. Um dos principais rácios da atividade bancária é o ‘cost to income’. Os sucessivos planos de reestruturação que temos sido a ser alvo assentam sempre exclusivamente no ‘cost’, esquecendo o ‘income’, mas era no ‘income’ que a administração revelaria mérito”.

O facto de a administração do banco ter excluído a comissão de trabalhadores do plano em curso é, para Rui Geraldes, um forte indicador de que o banco não se preocupa em alcançar a paz social dentro da empresa.

Em julho, o Novo Banco estimou, em comunicado enviado ao regulador dos mercados, que o valor a pedir no âmbito do Mecanismo de Capital Contingente, que recorre ao Fundo de Resolução para compensar perdas do legado do banco, seja de 176 milhões de euros no primeiro semestre.

A instituição presidida por António Ramalho registou prejuízos de 555,3 milhões de euros no primeiro semestre de 2020, um agravamento de 38,8% face ao mesmo período de 2019, constituindo 138 milhões de euros de provisões relacionadas com a covid-19, segundo os dados divulgados na altura.

O banco afirmou que continua a “cumprir o seu plano estratégico, objetivos e compromissos assumidos pelo Governo português com a DGComp”.

Nascido na resolução do BES (em 03 de agosto de 2014), 75% do Novo Banco foi vendido em outubro de 2017 ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, mantendo o Fundo de Resolução bancário 25%, numa solução acordada entre Banco de Portugal e Governo. Nos termos do contrato, o Novo Banco não pode fazer vendas de ativos a entidades relacionadas com a Lone Star.

Aquando da venda, foi acordado um mecanismo de capital contingente, que previa que durante oito anos o Fundo de Resolução compensasse o Novo Banco por perdas de capital num conjunto de ativos que ‘herdou’ do BES até 3.890 milhões de euros.

Desde então e até hoje, o Fundo de Resolução já injetou 2.976 milhões de euros e ainda poderá colocar mais de 900 milhões de euros, valores que em cada ano têm impacto nas contas públicas uma vez que o Fundo de Resolução é uma entidade da esfera do Estado.

O presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, tem vindo a avisar que a instituição vai precisar de mais capital do que o previsto para este ano, face ao impacto da covid-19.

PARTILHE ESTE ARTIGO:
Publicidade Publicidade

pub

LER JORNAL

Artigos Recentes

Famalicãohá 41 minutos

Famalicão: Despiste na EN14 em Ribeirão provocou estragos significativos

Um despiste rodoviário foi responsável por estragos significativos, na noite deste domingo, no segmento da Estrada Nacional 14 que atravessa...

Mundohá 3 horas

Novo Papa pediu “paz genuína” na sua primeira missa dominical

No seu primeiro discurso dominical no Vaticano, o Papa Leão XIV fez um apelo à paz justa e duradoura na...

Famalicãohá 3 horas

Bombeiros Voluntários de Famalicão celebraram 135 anos de serviço à população

Este sábado foi assinalado o 135.º aniversário dos Bombeiros Voluntários de Famalicão, um dia marcado pela habitual sessão solene, na...

Famalicãohá 3 horas

Famalicão: Procissão de Nossa Senhora adiada devido ao mau tempo

Foi adiada para esta terça-feira, às 21:15, a Procissão Mariana, que irá percorrer as ruas entre a Igreja Matriz Antiga...

Paíshá 5 horas

Greve provocou o cancelamento de 514 comboios até às 14:00

A greve dos maquinistas e dos revisores levou a que fossem suprimidos esta segunda-feira 514 comboios (75,6%) dos 680 programados...

Barceloshá 6 horas

Homem de 67 anos detido por suspeita de violência doméstica em Barcelos

Um homem de 67 anos foi detido pela GNR, em Barcelos, no dia 08 de maio, por violência doméstica, no...

Bragahá 8 horas

Colisão rodoviária deixa motociclista gravemente ferido na A28 em Esposende

Um motociclista ficou ferido, na manhã desta segunda-feira, na sequência de uma colisão rodoviária que envolveu um uma viatura ligeira,...

Paíshá 9 horas

GNR: 320 operacionais em 80 postos de vigia na ativação da Rede de Vigilância e Deteção de Incêndios

A Guarda Nacional Republicana, através do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) procedeu á ativação de 80...

Paíshá 9 horas

Fátima: Milhares de fieis participam na procissão de velas deste 13 de maio

O Santuário de Fátima recebe, esta segunda e terça-feira, a peregrinação internacional de maio, um dos pontos altos das celebrações...

Desportohá 10 horas

Famalicense Tiago Mesquita festejou título de campeão da Liga 3 e subida de divisão do Lusitânia de Lourosa

O atleta famalicense Tiago Mesquita, que integra a equipa de futebol Lusitânia de Lourosa, festejou neste fim de semana, a...

Arquivo

Mais Vistos