Para mitigar a propagação da pandemia, os sociais-democratas exortaram hoje o Governo a “restringir de forma drástica o número de exceções” existentes para o confinamento decretado porque “quando as exceções abundam a regra desaparece”.
“Quando se elencam 52 exceções, isto é dar o sinal contrário ao reforço da regra. Se sabemos que não há rega sem exceção, quando as exceções abundam, a regra desaparece”, disse o vice-presidente social-democrata David Justino, em conferência de imprensa na sede do PSD, em Lisboa.
O social-democrata criticou as exceções anunciadas ao confinamento decretado para conter a disseminação do SARS-CoV-2 no mesmo dia em que decorre uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros para avaliar as restrições anunciadas na última semana e a progressão da pandemia.
Por isso, o PSD “exorta a Governo a restringir de forma drástica o número de exceções e a rever algumas situações com maior poder estruturante, como sejam a maioria dos serviços públicos, o setor da educação e da administração central e local, cujo contributo direto para a produção nacional é mais reduzido”.
David Justino disse aos jornalistas que “o problema não está na ligeireza das medidas, está, precisamente, na imagem que se transmitiu” com um número “tão elevado de exceções”.
“A regra do confinamento, que era a regra que devia estar a ser seguida por todos, não está a ser seguida”, lamentou.
O PSD considerou também que o executivo liderado pelo socialista António Costa “continua a correr atrás do prejuízo, em vez de antecipar e planear”, que as medidas associadas ao confinamento “foram mal e tardiamente desenhadas”, e que “decretar um confinamento sem qualquer fiscalização é ser conivente com a desobediência”.
Tendo em conta estes fatores, os sociais-democratas consideraram que a mais recente declaração do estado de emergência – aprovada na última semana, no parlamento, com os votos favoráveis de PS, PSD, CDS-PP e PAN – “não está a ser consequente com a gravidade da situação”, quando várias unidades hospitalares reportaram que atingiram a capacidade de internamentos e de acompanhamento a doentes que contraíram a covid-19.
Portugal também registou nos últimos cinco dias mais de 10.000 infeções diárias.
Em Portugal há 549.801 infeções confirmadas desde o início da pandemia e 8.861 pessoas morreram devido a complicações associadas à covid-19, de acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).