O candidato presidencial do Chega lamentou domingo a referência da concorrente Ana Gomes a Hitler, criticou o Governo socialista por recriminar os portugueses pela escalada pandémica e chamou a Rui Rio “travesti de direita”.
André Ventura discursou num jantar/comício noturno, que contou com cerca de 160 apoiantes em tempo de confinamento e que foi marcado pela animosidade contra os jornalistas, num restaurante de eventos nos arredores de Braga.
“Disse que também Adolf Hitler foi eleito, ou seja, chamou Adolf Hitler a um adversário político”, afirmou André Ventura, considerando as declarações da diplomata e ex-eurodeputada socialista “uma aberração em democracia”, pois trata-se de equiparar “um opositor” ao “líder do partido nazi alemão”, sublinhando a ausência de indignação dos comentadores.
O presidente e deputado único do partido da extrema-direita parlamentar referiu-se ao facto de Portugal ter atingido dos “piores números no quadro comparativo” da pandemia de covid-19.
“Quando era nos Estados Unidos, a culpa era do Trump. No Brasil, a culpa era do Bolsonaro, mas cá não é do António Costa. É do povo português, que se comporta mal. Vergonha, vergonha! Quando são Portugal e Espanha a estarem com os piores números da Europa, a culpa não é dos Governos socialistas, é do povo que se porta mal!? Fraude, fraude!”, condenou.
O líder nacional-populista evocou ainda a colocação de um cartaz do candidato da Iniciativa Liberal (IL), Tiago Mayan, ao lado do da sua candidatura, no qual a fotografia de Ventura é acompanhada por “Presidente dos portugueses de bem”. Satiricamente, a IL intitulou Mayan como “Presidente de todos os portugueses (até dele)”, Ventura.
“Quando vi o cartaz, parecia-me um anúncio publicitário a uma clínica qualquer, mas era um cartaz que, supostamente, teria graça e seria para nos atacar. Aquela direita fofinha. Agora, desapareceu o CDS e apareceu a Iniciativa Liberal”, afirmou.
Segundo Ventura, “em breve, será o PSD a fazer este tipo de cartazes”.
“Estamos no caminho certo. Parece que estou a ver o dr. Rui Rio [presidente social-democrata, o maior partido da oposição] com a cara num cartaz, a dizer assim: ‘votem em mim, eu sou a direita social’, assim, de lado, mas com o lápis na orelha. A direita social não é nenhuma direita. É ser travesti de direita, socialistas encapotados”, vociferou.