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Covid 19: Mortes de crianças são raras, mas estão a aparecer síndromes inflamatórios graves
São precisamente 18 022 as crianças portuguesas que já foram infetadas pelo SARS CoV2, na faixa etária dos zero aos nove anos, e mais de 31 mil jovens, entre os 10 e os 19 anos. De um total de 344 700 casos positivos que o país registava neste sábado desde o início da pandemia, só 49 023 dizem respeito à faixa pediátrica. Destes, há a registar apenas dois óbitos. Uma bebé de quatro meses infetada com covid e com múltiplas patologias, morreu em agosto, e, neste dia, 12 de dezembro, a Direção-Geral da Saúde deu conta de um segundo óbito na faixa dos mais novos, uma adolescente de 19 anos, do norte, e também com várias patologias associadas.
Os casos fatais ou de doença grave em crianças e jovens são raros, atestam os médicos e a literatura científica sobre a doença na pediatria, que sublinha que esta faixa, dos zero aos 19 anos, não só não é potencial transmissora da doença, como também não a desenvolve de forma grave. Aliás, uma das primeiras perceções em relação ao SARS CoV2 é que este seria um vírus que estaria a proteger os mais jovens.
Até agora, é um facto que o vírus tem afetado a grande maioria das crianças e dos jovens da mesma forma: sintomas ligeiros e raramente com a morte. Um dos primeiros estudos realizados a esta faixa etária, a crianças a partir dos três anos e até aos 18, divulgado em junho revista científica, The Lancet Child & Adolescent Health vinha confirmar: “A morte de crianças associada à covid-19 é muito rara, ocorrendo em menos de 1% dos casos, dado que a doença é, normalmente, moderada naquele grupo etário”.
O estudo, que envolveu especialistas da Grã-Bretanha, Áustria e Espanha, e mais de 82 estabelecimentos de saúde, veio ainda demonstrar que, das quase 578 crianças e jovens infetados com covid e que foram estudados, apenas quatro morreram, todas com mais de 10 anos e duas delas já tinham patologias pré-existente. Esta investigação dava conta também que das mais quinhentas crianças e jovens só 48, ou seja 8% do total, desenvolveram doença grave e que 90 não desenvolveram quaisquer sintomas.
Quase seis meses passados desde a divulgação deste estudo, a experiência continua a confirmar que em relação às crianças e jovens o sistema imunitário acaba por se adaptar ao novo vírus e que a grande maioria dos infetados só desenvolve a doença de forma ligeira.
Mas se a experiência mundial mostra que a doença aguda grave em pediatria por covid-19 é extremamente rara, a segunda vaga está a trazer casos, que um tempo depois, desenvolvem uma forma de doença grave. Trata-se de um síndrome inflamatório que aparece cerca de três a quatro semanas depois da infeção aguda por covid-19 e já há alguns casos em Portugal. “Não é uma situação que cause alarme, mas é importante que a população, sobretudo os pais, estejam atentos ao quadro de sintomas, porque devem procurar os cuidados de saúde”, refere o intensivista pediátrico do Hospital Santa Maria, Francisco Abecasis em entrevista ao Diário de Notícias.
Os ingleses chamaram-lhe PIMS (Pediatric Inflamatory Multisystem Syndrome), em Portugal é designado como síndrome inflamatório grave pós-covid,. E o médico de Santa Maria afirma ao DN que está “a ter algum significado”, sendo “natural que continue a ter”. Francisco Abecassis diz desconhecer a realidade do Norte, mas refere que na região de Lisboa, entre os hospitais Santa Maria e Dona Estefânia, já há registar mais de uma dezena de casos. Segundo explica são situações em que “a criança teve covid, ficou bem e, cerca de três semanas depois ou um mês, começa com um quadro de febre, manchas no corpo e pode até ter um quadro de diarreia e prostração. Se isto acontecer, acriança deve ser vista, porque pode ser um síndrome inflamatório”.
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