Imagens de satélite apontam para a possível existência de mais de 200 valas comuns perto de Mariupol, num momento em que a Ucrânia acusa a Rússia de ali enterrar 9.000 civis para esconder o massacre.
As fotografias divulgadas esta quinta-feira surgiram horas depois do Presidente russo, Vladimir Putin, ter reclamado vitória na batalha por Mariupol, apesar de cerca de 2.000 combatentes ucranianos ainda se encontrarem barricados numa siderurgia.
O fornecedor de imagens de satélite Maxar Technologies divulgou as imagens, que, supostamente, mostram mais de 200 valas comuns numa cidade onde os responsáveis locais ucranianos dizem que os russos têm estado a enterrar residentes de Mariupol.
As imagens mostram longas filas de sepulturas que se afastam de um cemitério existente na cidade de Manhush, fora de Mariupol.
O autarca de Mariupol, Vadym Boychenko, acusou os russos de “esconderem os seus crimes militares”, retirando os corpos de civis da cidade e enterrando-os em Manhush.
Os túmulos podem conter até 9.000 mortos, segundo a autarquia de Mariupol, numa mensagem de quinta-feira na plataforma social Telegram.
“Os corpos dos mortos foram levados camiões e, na realidade, simplesmente a ser despejados em montes”, disse um assessor de Boychenko, Piotr Andryushchenko, no Telegram.
O Kremlin não reagiu de imediato. Quando foram descobertas valas comuns e centenas de civis mortos em Bucha e noutras cidades à volta de Kiev, após as tropas russas terem recuado, os oficiais russos negaram que os seus soldados tivessem matado quaisquer civis e acusaram a Ucrânia de encenar as atrocidades.
Em comunicado, a Maxar disse que uma análise das imagens indica que as sepulturas em Manhush foram escavadas em finais de março e expandidas ao longo das últimas semanas.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).