Um grupo de futebolistas brasileiros e suas famílias chegaram a São Paulo na terça-feira após uma “batalha” de dois dias para fugir da Ucrânia devastada pela guerra, onde jogam futebol.

O contingente de 13 brasileiros do Shakhtar Donetsk estava entre as dezenas de pessoas que encheram um comboio e depois um autocarro para uma viagem à Romênia que durou mais de 30 horas.

Despois de aqui chegados conseguiram apanhar aviões de regresso para outros destinos.

“O mais difícil foi tudo o que vimos na estrada: gente a morrer, gente que não tinha nada a ver com esta situação”, disse Pedrinho, atacante de 23 anos, ao chegar a São Paulo.

“Levei a minha filha de quatro meses comigo e tudo que eu queria era que ela ficasse bem. Imagens de terror, cidades destruídas: essas são as coisas que ficam na minha cabeça”, explicou.

“O que eu mais quero agora é estar com minha família, com meus pais. Eu me despedia deles todas as vezes que conversávamos porque não sabia se seria a última vez que nos falaríamos.”

Depois de três dias no hotel, os jogadores embarcaram numa uma viagem de comboio de 17 horas e depois de 15 horas de autocarro com a ajuda da UEFA, para chegar à Romênia.

“Estava muito escuro quando saímos, não sabíamos o que encontraríamos”, disse Maycon, 24 anos, jogador do Shakhtar que saiu com a esposa, dois filhos e pais.

“Só pedi calma para que meus filhos não sentissem o que estávamos sentindo”, disse a esposa de Maycon, Lyarah Vojnovic Barberan.

“A minha mãe perguntava-me ‘filha, vocês conseguiram levar algo para comer?’ E eu dizia ‘mãe, as crianças, graças a Deus, não estão a passar fome, deu tempo de trazermos duas maçãzinhas’. Eu tenho dois filhos, trouxe duas maçãzinhas e meus os filhos comeram. Quando vi o caroço da maçã pensei ‘é agora que eu vou matar a minha fome’. Peguei no caroço da maçã e comi”, concluiu Lyarah.