Agora, que se aproxima o dia de Natal o Padre Francisco Carreira, Arcipreste de Vila Nova de Famalicão, dirige uma mensagem alusiva a esta quadra aos fieis, debruçando-se sobre a importância da fraternidade, afeto e solidariedade.
Este lembra ainda que o presépio é, não só uma representação do nascimento de Jesus, como também uma representação de toda a sociedade, que se reune durate esta época do ano, em volta de uma celebração comum.
Mensagem:
“A fecundidade do Natal
São muitos os votos de boas festas por estes dias. E ainda bem! É bom recordar e felicitar os
nossos amigos e familiares ou mesmo os colegas de trabalho.
O tempo, apesar de frio, é de festa, é de alegria, de convívio familiar. É Natal.
É um tempo que não conseguimos explicar. Ora gostamos, ora detestamos. Há quem adore as
decorações de Natal, as compras para a noite de consoada, a azáfama das prendas… E há quem
deteste tudo isto e até condene este oportunismo consumista e desgastante de uma falsa
solidariedade.
O mundo que vivemos é complexo e vive dos seus contrários. Às vezes apregoa a importância e
a necessidade de cuidarmos dos outros, dos mais frágeis e necessitados… (Recordemos como
em tempo pandémico exercemos um cuidado maior por todos.) Outras vezes vive numa apatia e
indiferença tal que incomoda… (não podemos esquecer como crescem nos hospitais o número de
idosos e doentes que têm alta, mas as famílias não os levam para casa…).
E Natal é sinal de fraternidade. Na verdade, o Natal introduz-nos no mistério, não só divino, mas
também humano. Não podemos pensar o Natal sem estas duas realidades. Uma e outra estão
profundamente ligadas. Mas sublinho, sobretudo, que o divino conduz sempre para uma maior
humanidade ou humanismo entre todos. Ou seja, o divino em nós faz prosperar o sentido do
outro para nós, faz despertar o dom da fraternidade entre nós. Por isso, o Natal é um mistério que
nos ajuda a centrar no essencial da vida: somos família, somos irmãos, somos expressão do
sonho de Deus.
Com efeito, se não houver uma disponibilidade para a fraternidade, ela não acontece. Se não
houver uma cultura da fraternidade, ela é apenas uma ideia interessante.
Superemos a ideia de um Natal comercial e consumista e arrisquemos um Natal da fraternidade.
Convido-vos a olhar par ao presépio. Foi inventado por São Francisco de Assis para ajudar os
habitantes de Greccio a compreender o significado do mistério da encarnação de Cristo. Hoje
precisamos voltar a olhar o presépio para redescobrirmos o verdadeiro significado do Natal. No
presépio estamos todos nós. Nele nasce ainda hoje o sonho de Deus de um mundo
verdadeiramente de irmãos. O presépio é o sinal admirável, como diz o Papa Francisco. Ele é um
sinal da nossa fecundidade na fraternidade.
Faço votos de um Natal assim fecundo. Só assim será feliz”.