Os 350 trabalhadores da Coindu, em Arcos de Valdevez, que vai fechar até ao final do ano, vão receber, além dos direitos previstos ao abrigo do despedimento coletivo, mais 17% de indemnização por cada ano de trabalho, foi hoje divulgado.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), José Simões, revelou que aquele valor ficou decidido após horas de negociação, na sexta-feira, com a administração da empresa e representantes do Ministério do Trabalho.
“Pedimos 50% de indemnização por cada ano de trabalho e depois tivemos de negociar. Tivemos algum sucesso. Não foi tudo o que queríamos, mas o possível, porque eles [administração] queriam dar zero ou então 10%. Foi uma reunião muito dura, mas conseguimos chegar aos 17% de indemnização por casa ano de trabalho, para além dos direitos que os trabalhadores já têm”, explicou José Simões.
No dia 25 de novembro, o SIMA tornou público o encerramento, no final do mês, da fábrica de Arcos de Valdevez e o despedimento dos 350 trabalhadores.
Segundo o SIMA, a decisão aconteceu cerca de um mês após a compra da empresa pelo grupo italiano Mastrotto.
O dirigente sindical adiantou que as indemnizações terão de ser pagas quando a empresa deixar de laborar, tendo a administração apontado duas datas: 28 ou 31 de dezembro.
“Queríamos que fixassem um dia e hora, mas não conseguimos. O encerramento ocorrerá no dia 28 ou 31”, frisou.
Em Portugal, a Coindu, fundada em 1988, tem unidades fabris em Arcos de Valdevez e em Joane, Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga.
José Simões disse ainda que “há várias empresas na região que estão dispostas a contratar alguns dos 350 trabalhadores” que este mês ficam sem emprego.
Na semana passada, o grupo Coindu garantiu estar a cumprir com os direitos legais dos trabalhadores da fábrica de Arcos de Valdevez e rejeitou a relocação da produção daquela unidade para a Tunísia, referindo que o encerramento “é consequência do fim de vida do ciclo de produção dos veículos nomeados”.
Citado em comunicado enviado às redações, o CEO da Coindu, António Cândido, afirmou que ao longo de 2024 procurou “preservar a situação operacional, transferindo temporariamente algumas produções da fábrica Joane para Arcos de Valdevez, negociando novas oportunidades de projetos”.
“Apesar destes esforços, não foi possível garantir a sustentabilidade produtiva do local”, apontava.
A empresa “está a avaliar oportunidades de produção em países extraeuropeus exclusivamente para novos projetos cujas características económicas não são compatíveis com a produção em Portugal”.