Miguel Afonso, o treinador suspenso do FC Famalicão falou ontem, pela primeira vez em público, desde que surgiram as acusações de assédio sexual.

Numa entrevista à TVI, o técnico negou todas as acusações e fala em motivações profissionais para as denúncias de antigas jogadoras suas. Diz que esteve em silêncio e em sofrimento, mas considera esta a altura exata para prestar declarações públicas. “Não é fácil, 15 dias em sofrimento, com a minha família a sofrer, porque as pessoas esquecerem-se que sou pai, sou filho, tenho emprego… E então estive 15 dias calado, em cativeiro”.

Recorde-se que o Famalicão suspendeu o treinador Miguel Afonso após as denúncias de assédio sexual por parte de várias jogadoras da equipa de futebol feminino do Rio Ave.

Sobre as mensagens alegadamente trocadas com as jogadoras, algumas das quais tornadas públicas, Miguel Afonso não entende que as suas palavras possam ter deixado as atletas desconfortáveis. “Torna-se muito complicado , dois anos depois, estarmos a falar num contexto que já passou muito tempo, mas depois de termos o cuidado de ler as mensagens todas seguidas, e não frases soltas, conseguimos perceber que existe ali uma conversa, dos dois lados, completamente transparente, relaxada, equilibrada e consegue-se justificar tudo”, considera Miguel Afonso na entrevista.

“Quando eu digo transparência, é transparência entre as duas pessoas que estão a conversar. Essa parte é muito simples de explicar. Dentro do contexto, dentro do fio, nota-se que existe ali um tom de brincadeira e relaxe das duas pessoas, no intuito de não haver más interpretações, tipo se as tuas colegas perceberem que eu te estou a ajudar, só a ti, pode haver aqui uma má interpretação“, acrescentou o treinador suspenso, rejeitando liminarmente que o conteúdo das conversas tivesse outras intenções, nomeadamente sexuais.

Para Miguel Afonso as denúncias tiveram motivações profissionais. “Consigo associar a pessoas que disseram isto porque estava a subir muito na minha carreira, consigo associar pessoas envolvidas a agenciamento, que na semana antes de assinar pelo Famalicão tentavam por jogadoras nos meus clubes e, neste momento, são as principais pessoas que me tentam difamar na praça pública”.

Miguel Afonso foi esta sexta-feira, dia 14 de outubro, ouvido pela Federação Portuguesa de Futebol, a propósito das denúncias.